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Brasileiros estão consumindo menos feijão e arroz, aponta IBGE

Entre a POF 2008-2009 e a pesquisa mais recente, observou-se redução de 84,0% para 76,1% no consumo de arroz entre os brasileiros
10:44 | Ago. 21, 2020
Autor Lais Oliveira
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Lais Oliveira Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Embora ainda sejam os itens preferidos da dieta tradicional brasileira, o arroz e feijão estão menos evidentes no consumo nacional nos últimos anos. É o que mostram os dados da Análise do consumo alimentar pessoal no Brasil da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 21.

Entre a POF 2008-2009 e a pesquisa mais recente, observou-se redução de 84,0% para 76,1% no consumo de arroz entre os brasileiros. Em relação ao feijão, o percentual de consumo referido decaiu de 72,8% para 60%, dentro do período entre as duas análises.

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Em contrapartida, o IBGE apontou a evolução de preparações como sanduíches, que cresceu em todas as regiões do País e em todas as classes de renda (8,3% para 13,8). Ainda que a mudança seja discreta, o Instituto sinaliza uma tendência da perda de espaço de alimentos como arroz e feijão.

Na avaliação da nutricionista Ilana Bezerra, professora da graduação e da pós-graduação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a redução no consumo de arroz e feijão pela população do Brasil é um fato negativo das mudanças nos padrões de consumo alimentar. Ela integrou a equipe técnica de análise e divulgação dos dados do inquérito POF 2017-2018.

“Esses alimentos, além de serem tradicionais da nossa cultura alimentar, representam uma combinação de boa qualidade nutricional. No mesmo período que houve redução no consumo de arroz e feijão, observa-se aumento na frequência de indivíduos que relataram o consumo de pizza, sanduíches, tortas salgadas e outras preparações mistas”, considera.

Conforme a especialista, isso revela que apesar de os brasileiros, de maneira geral, ainda manterem um hábito alimentar baseado em arroz e feijão, esses itens estão dando lugar a outros produtos que na sua maioria possuem um alto nível de processamento, caracterizados por teor reduzido de nutrientes e de alto teor calórico. “Essas mudanças foram expressivas no País, mas de menor magnitude na região Nordeste, o que é um aspecto positivo da nossa região”, observa.

A professora acredita que a pesquisa revela hábitos alimentares insuficientes para manutenção de uma dieta saudável, baseada em alimentos in natura e minimamente processados, como recomenda Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. Como aspectos positivos, ela pontua o aumento da frequência de consumo de batata doce, mandioca, salada crua e algumas frutas no País.

Consumo de frutas, verduras e legumes cai

 

O levantamento do IBGE mostrou que consumo de frutas, verduras e legumes apresentou pequena redução entre a POF de 2008-2009 e a POF 2017-2018 e continua muito aquém do recomendado.

Só para se ter uma ideia, com exceção do açaí - que subiu de 0,9% para 1,5% na frequência de consumo dos brasileiros -, todas as frutas analisadas (abacaxi, banana, maçã, laranja, mamão, manga, melancia, tangerina, uva e outras) apresentaram reduções no período analisado.

Alimentos mais consumidos no Brasil

 

Segundo o IBGE, entre 2017 e 2018, as maiores frequência de consumo no País foram para café (78,1%), arroz (76,1%) e feijão (60,0%), seguidos do pão de sal (50,9%) e óleos e gorduras (46,8%).

Neste período, os homens apresentaram menores frequências de consumo de todas as verduras, legumes e frutas, com exceção da batata inglesa e as mulheres apresentaram maiores frequências de consumo para biscoitos, bolos, doces, leite e derivados, café e chá.

Os alimentos com maiores médias de consumo diário per capita foram o café (163,2 g/dia), feijão (142,2 g/dia), arroz (131,4 g/dia), sucos (124,5 g/dia) e refrigerantes (67,1 g/dia).

As médias de consumo per capita estimadas para homens foram mais elevadas do que as das mulheres para a maior parte dos itens. Porém, as mulheres referiram médias mais altas do que os homens para a maioria das verduras e frutas. Destaca-se que a média per capita de consumo de cerveja entre os homens é mais que o triplo da observada para as mulheres.

Consumo de alimentos por grupo etário

 

Quando a análise leva em consideração a idade, o percentual de pessoas que relataram o consumo de frutas, verduras e legumes, em geral, foi menor entre adolescentes em comparação com adultos e idosos, com exceção de açaí e batata inglesa.

 

Por outro lado, o consumo de macarrão instantâneo, biscoito recheado, biscoito doce, salgadinhos chips, linguiça, salsicha, mortadela, presunto, chocolates, achocolatados, sorvete/picolé, sucos, refrescos/sucos industrializados, refrigerantes, bebidas lácteas, pizzas, salgados fritos e assados e sanduíches foi mais elevado entre adolescentes do que em adultos e idosos.

Além disso, o IBGE mostrou que o consumo de leite, café, chá e sopas e caldos foi mais frequentemente relatado pelos idosos em comparação com adultos e adolescentes.


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