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Professor percorre 30 Km e atravessa igarapé cheio para imprimir atividades de alunos indígenas em Roraima

Depois que imprime, Telmo Ribeiro repete todo o percurso na volta e entrega as atividades na casa de cada aluno
12:52 | Ago. 06, 2020
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Tipo Notícia

 

O professor Telmo Ribeiro, de 48 anos, junto a outros cinco colegas de profissão enfrentam um desafio para levar as atividades do dia a dia aos alunos da escola indígena Presidente Afonso Pena, em Roraima.

A cada 15 dias, ele percorre cerca de 30 quilômetros para imprimir as atividades dos alunos. Isso porque na escola não tem impressora e a mais próxima da comunidade fica na região do Lago Caracaranã. As informações são do portal G1.

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Localizada na comunidade Matri, em Normandia, ao Norte de Roraima, a escola atende crianças e adolescentes indígenas de outras três regiões dentro da reserva Raposa Serra do Sol.

Formado em comunicação e arte pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Telmo dá aula para estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

O trajeto leva duas horas e é feito de moto, bicicleta e a pé, em meio a igarapés cheios, estradas de chão inundadas e falta de barco. “O povo sofre. Nós estamos em 2020, mas dá a impressão que esses lugares estão parados em 1980. Mas se nós não fizermos pelo nosso povo, as pessoas de fora não vão vir fazer, pelos desafios que enfrentamos”, relatou Telmo ao G1.

O professor afirma que o percurso até as outras duas impressoras, nas comunidades Raposa e Guariba, é ainda mais longo, por isso opta por ir até o Caracaranã.

“Para imprimir as atividades a gente vai de moto até o igarapé cheio. Chegando lá tem que procurar um meio para atravessar sem molhar o material dos alunos. Do outro lado, pega a bicicleta, depois larga e vai caminhando pela estrada submersa pela água. Ainda corremos risco com animais como jacarés e cobras.”

Depois que imprime, ele repete todo o percurso na volta, e entrega na casa de cada aluno as atividades elaboradas.

 A escola

Essa rotina de trabalho ocorre sempre em períodos chuvosos e torna o acesso à escola muito complexo. Por este motivo, mesmo antes da pandemia, quando alunos da rede estadual passaram a ter aulas remotas, a escola já funcionava em regime de ensino não presencial durante o inverno -- entre os meses de abril até setembro.

"Não tivemos dificuldade de fazer as atividades não presenciais com a pandemia, por conta desse desafio que acontece todos os anos", afirmou Telmo.

Além da comunidade Matri, a escola atende crianças e adolescentes das comunidades Cachoeirinha, Japó, Nova Canaã e Sucubeira, que ficam distantes cerca de 12 a 18 km uma da outra.

Os seis professores são responsáveis por levar as atividades na casa de cada um dos 88 estudantes. E é nesse momento que os alunos também podem tirar as dúvidas em relação ao material.

“Para atendê-los passamos o dia inteiro. Saímos da escola às 7h e retornamos às 17h ou 18h”.

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