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Confederação Israelita critica homenagem do Exército Brasileiro a major nazista

A Sociedade Israelita do Ceará e de mais 11 estados assinam conjuntamente a nota que lastima a homenagem ao oficial alemão
23:06 | Jul. 02, 2019
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e entidades judaicas de 12 estados criticaram a homenagem do Exército Brasileiro (EB) a um major que combateu junto ao exército nazista na Segunda Guerra Mundial e foi condecorado por Adolf Hitler. Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen foi assassinado no Brasil, em 1968, alegadamente por membros do grupo armado de extrema-esquerda Colina (Comando de Libertação Nacional).

“Estranhamos que, a pretexto de condenar ações armadas no Brasil da década de 60, nosso respeitado Exército Brasileiro tenha decidido homenagear um oficial alemão que, durante a Segunda Guerra Mundial, participou da ocupação da França e da União Soviética, lugares onde as tropas nazistas sabidamente perpetraram crimes contra a humanidade, inclusive e principalmente contra as comunidades judaicas locais", frisa a nota, publicada nesta terça-feira, 2.

"Discutir a História é sempre válido. Mas omitir aspectos fundamentais pode levar a um perigoso revisionismo”, completou Fernando Lottenberg, presidente da Conib.

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Além da Conib e da Sociedade Israelita do Ceará, entidades judaicas de outros 11 estados assinaram a nota: Comitê Israelita do Amazonas, Federação Israelita do Estado de São Paulo, Federação Israelita do estado de Minas Gerais, Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, Centro Israelita do Rio Grande do Norte, Federação Israelita de Pernambuco, Sociedade Israelita da Bahia, Associação Cultural Israelita de Brasília, Federação Israelita do Paraná, Associação Israelita Catarinense e Federação Israelita do Rio Grande do Sul.

A homenagem

O Exército homenageou Otto nessa segunda-feira, 1º, como aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército do Brasil. A postagem era o principal assunto do Twitter na noite dessa segunda.

O major alemão, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), defendeu o exército nazista. Após a guerra, fugiu para a Argentina e trabalhou como agricultor até ser reincorporado ao exército alemão (Bundswehr) na década seguinte, devido às suas qualidades de perito em artilharia. Em 1968, foi assassinado no Rio de Janeiro, com dez tiros à queima-roupa.

"O crime teve grande repercussão em todos os jornais do Brasil da época. A verdade foi totalmente esclarecida apenas 19 anos após a morte do major Otto, no livro “Combate nas Trevas”, de Jacob Gorender, Editora Ática, 1987. Pela primeira vez, constava em um registro que terroristas do Comando de Libertação Nacional (Colina) realizaram o atentado".

Ao noticiar o assassinato de Otto, em 2 de julho de 1968, a Folha de S. Paulo afirmou que Otto fora condecorado por Hitler "quando da ocupação da França e recebera graves ferimentos quando do ataque do Exército soviético a Berlim". 

No texto de homenagem ao oficial nazista, é destacado que “o Exército Brasileiro presta uma justa homenagem ao primeiro oficial da Alemanha a cursar a escola. Um sobrevivente da 2ª Guerra Mundial e das prisões totalitárias soviéticas, cuja vida foi encurtada por um ato terrorista insano e covarde”, descreve o texto.

Em nenhum momento do texto o Exército criticou o regime nazista por insanidade ou covardia. O EB, ironicamente, lutou contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, mesmo que o governo brasileiro da época simpatizasse com o fascismo.

Apenas nesta terça, após críticas, a conta oficial publicou que o Brasil combateu as forças nazistas na Segunda Guerra.

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