Brancos e nulos: uma alternativa à polarização?
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Brancos e nulos: uma alternativa à polarização?

2018-10-26 01:30:00

No 1º turno, as abstenções atingiram o número mais alto desde o início do século. Quase 30 milhões de eleitores aptos a votar no País decidiram não ir às urnas, enquanto mais de 10 milhões preferiram anular ou votar branco. Desde a década de 1990, o Crítica Radical contesta o sistema político e conclama o não voto como forma de protesto.

 

Para o grupo, a verdadeira disputa neste 2º turno é diferente da que coloca Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) como opositores. "De um lado, os que querem manter esse sistema, e do outro, quem tá percebendo que o navio está afundando e que está fazendo o chamamento para sair do navio e construir uma alternativa", explica Rosa da Fonsêca, que integra o Crítica Radical.

 

Como argumento, o grupo cita eleitores que se abstiveram ou optaram pelo voto branco ou nulo. Somados, são 27,3% do eleitorado.

 

"A gente entende exatamente que quem não votou ou votou nulo ou branco é porque não acredita que a política vai resolver o problema", ressalta Rosa da Fonsêca.

 

Para Jorge Paiva, que também é membro do grupo, o 1º turno colocou em disputa três projetos de futuro para o Brasil. O primeiro deles representado por Bolsonaro, o segundo por Haddad, enquanto o terceiro seria uma alternativa ao sistema político vigente no País.

 

Na opinião dele, Bolsonaro, que é um capitão do Exército, representa um projeto que procura resolver a crise do capitalismo com uma atitude enérgica, autoritária, uma visão sobre o movimento social deformada, anacrônica, atrasada. Enquanto Haddad, acrescenta Paiva, não consegue equacionar o problema, porque faz parte de um tipo de análise que não acertou contas com o sistema.

 

"Você está diante de um descontentamento social muito grande que materializa uma terceira posição". Para os entrevistados, esse projeto seria a de superação não só do sistema político, como do capitalismo. "A política é submetida à lógica do sistema capitalista e essa lógica levou o sistema ao colapso", justifica Maria Luiza Fontenele.

 

A solução passaria por discussões sobre as possibilidades que a superação desse sistema político levaria à humanidade. "Existe uma quantidade imensa de pessoas que estão descontentes. Mas não têm um processo coletivo comum para que expressem isso, se organizem e realmente construam uma saída", explica Jorge. "(Elas) Sentem e agem, mas é necessário um aprofundamento da consciência", acrescenta Rosa.

 

1º TURNO

Considerando o universo de eleitores aptos a votar no 1º turno das eleições, Bolsonaro teve uma porcentagem de 33,45% e Haddad teve 21,28% de votos. Somados, abstenções, brancos e nulos representam 27,3% do eleitorado.

 

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