Horas antes da confusão que marcou a participação do senador eleito Cid Gomes (PDT) em encontro do PT na última segunda-feira, o clima entre os militantes da legenda já não era dos melhores.

 

Sob anonimato, um pedetista, ao chegar ao evento, descartou de pronto qualquer possibilidade de uma participação efetiva dos Ferreira Gomes no movimento pró-Haddad.

 

"Depois de tudo que houve, o estrago é muito grande. É impossível recompor essas relações", disse, referindo-se às rusgas entre PT e PDT durante o primeiro turno.

 

Questionado sobre as chances de apoio do grupo cirista ao candidato do PT, o deputado federal eleito e ex-assessor econômico de Ciro, Mauro Filho, disse que não sabia. Sobre a estratégia para garantir a transferência de votos do ex-presidenciável para Haddad no segundo turno, ele respondeu: "Me faça essa pergunta daqui a 40 minutos".

 

Nesse intervalo, porém, o ato petista já estaria encerrado. Prefeito de Sobral, Ivo Gomes repetiu o que o correligionário Mauro Filho já dissera: não sabia como seria a cota do PDT nessa articulação. "Estou aqui para descobrir isso".

 

Cid chegou ao encontro ao lado do governador e afilhado político Camilo Santana (PT), principal cabo eleitoral de Haddad no Ceará. Primeiro a falar, Cid disse cobras e lagartos a uma plateia integralmente petista. Entre as falas, destaca-se uma: "Lula tá preso, babaca", despejada após vaias de um militante.

 

O discurso do ex-ministro levou dez minutos. Antes disso, porém, uma parte dos pedetistas já tinha deixado o auditório. Já fora do hotel, um pedetista gracejou: "Esse Cid dá um trabalho pra gente".

Henrique Araújo