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Psol aciona CNJ contra desembargadora que atacou Marielle Franco

2018-03-19 01:30:00
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O Psol entrou no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com representação contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Na última sexta-feira (16), a magistrada acusou a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na última quarta-feira (14), de estar "engajada com bandidos", ter sido "eleita pelo Comando Vermelho" e ter descumprido "'compromissos' assumidos com seus apoiadores". O partido e familiares da parlamentar repudiam as acusações. A agência Estado procurou a desembargadora, que não retornou o contato.


Na sexta-feira, a desembargadora escreveu que "a questão é que a tal Marielle não era apenas uma 'lutadora', ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho (facção criminosa carioca) e descumpriu 'compromissos' assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa 'longe da favela' sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava. Até nós sabemos disso".


"Representamos contra a desembargadora no CNJ e esperamos que o Judiciário mostre que essa mulher é uma exceção nesse Poder, para o bem da democracia", afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Neste domingo, ele participou de ato em homenagem à vereadora no complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, onde Marielle viveu.

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Freixo criticou quem tenta atingir a imagem de Marielle: "Esses imbecis, togados ou não, que tentam de alguma maneira matá-la de novo, não vão conseguir. A Marielle está sofrendo um duplo homicídio. Não basta o covarde que apertou o gatilho, ainda tem covarde de plantão que não está preparado para julgar, mas para prejulgar, dizendo que a Marielle foi casada com bandido, com traficante, que sua filha é isso... é um nível de perversidade que a gente não está disposto a aturar. A Marielle não teve a filha, a Luyara, com um traficante. Mas e se fosse? Isso condena a Marielle a quê? O pai da Luyara é um rapaz que trabalha no Luta pela Paz, dentro da favela da Maré. A Marielle foi eleita com 7 mil votos (recebidos) no Jardim Botânico. Depois foi Barra (da Tijuca), Copacabana e Laranjeiras. Como assim dizer que Marielle foi eleita por Comando tal ou Comando tal?"


Milhares de pessoas participaram de caminhada em homenagem a Marielle no início da tarde deste domingo no complexo de favelas da Maré. Além de moradores, havia políticos como Freixo, o vereador Tarcísio Motta, o deputado estadual Flavio Serafini e o deputado federal Chico Alencar, todos do PSOL, e os deputados federais Benedita da Silva (PT), Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PSB), todos eleitos pelo Rio. Também havia artistas, como Débora Bloch, Camila Pitanga, Marcelo Adnet e Bruna Linzmeyer.


"Quando a questão é ideológica, eu acho saudável haver debate. Quando uma vereadora é executada, nós temos que esclarecer, porque é um crime contra a democracia", afirmou Adnet.


Amanhã, a partir das 19 horas, haverá ato ecumênico na Cinelândia (região central) em homenagem adiantada ao sétimo dia da morte de Marielle. O plano do Psol e de entidades de direitos humanos é que o ato seja repetido nesse horário em outras cidades do País e do mundo. Antes, às 17h, manifestantes vão se reunir ao redor da igreja da Candelária, de onde partirão em passeata rumo à Cinelândia. O ato, convocado pela internet, já havia recebido a adesão virtual de mais de 40 mil pessoas até as 18h de ontem.

 

GRUPO RASTREIA ATAQUES


Grupo de advogadas está rastreando as postagens contra a vereadora. Até ontem já haviam sido recebidas mais de 2.000 denúncias. A ideia é encaminhar à Polícia e à Justiça

 

Gabrielle Zaranza

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