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"O povo quer um presidente liberal na economia e conservador nos costumes"

2018-03-02 01:30:00
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Apresentado por grupos liberais como pré-candidato à presidência da República, o empresário Flávio Rocha descarta entrar na disputa. Presidente da Riachuelo, ele encabeça o movimento político Brasil 200, em referência aos dois séculos de independência do País que se completam este ano. Amanhã, o grupo apresenta programa de segurança pública em evento no Rio de Janeiro. Na última terça-feira, 27, ele esteve em Fortaleza para lançar o movimento no Ceará e conversou com O POVO sobre o cenário político.

 

O empresário nega que o Brasil 200 tenha projeto eleitoral e diz que seu objetivo é conscientizar a população e a classe política de que o País precisa de mais liberdade econômica e social, menos privilégios e de um Estado “mais enxuto”. Ele apresenta a fórmula da vitória: “Se ganha a eleição nos costumes, mas se conserta o País com a economia”.

 

“O povo quer um presidente liberal na economia e conservador nos costumes, um presidente de direita. Que fique claro que eu falo de uma direita democrática, porque existe muita gente que tenta logo emplacar o carimbo de torturador e ditador a quem diz que é de direita. E conservador que eu digo não é caretice, moralismo, é apenas um contraponto à erosão de valores decorrente dos últimos governos de esquerda”, avalia.

 

Nesse contexto, Flávio acredita que não há nenhum pré-candidato ao posto de chefe da nação, até o momento, que se encaixe nesse “perfil óbvio” e descarta a sua própria candidatura porque “não tem chance de ganhar eleição”. Dentre os atuais nomes, ele elogia o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por ele “estar sendo o único que tem opinado nos temas que ninguém entra”, como armamento da população e redução da maioridade penal.

Apesar disso, acredita que ele “tem carregado demais nas cores” e precisa, às vezes, adotar perfil mais brando. Além disso, aponta que ele “está longe de ser liberal”. Fontes próximas a Bolsonaro já afirmaram que Flávio tem articulado com ele possibilidade de concorrer a vice na sua chapa. Ao O POVO, negou articulação, afirmando que eles têm “fortes discrepâncias no tom e, principalmente, na questão econômica”.

Flávio diz que tem conversado com todos os pré-candidatos para apresentar o programa defendido pelo Brasil 200. Sobre o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), ele diz que é um “radical de centro” que não tem discutido os assuntos que, hoje, são importantes à população. Mesmo sobre o candidato liberal João Amoêdo (Novo-SP), ele diz que está “muito preso no economês” e desvia de temas polêmicos.

 

O empresário também citou o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), afirmando que ele “deu uma guinada à esquerda”, mas que antes tinha posições muito mais próximas às liberais. “Eu mesmo já fiz almoço, jantar dele com empresários e ele encantava com ideias liberais, com ideias de estado pequeno; hoje ele está com uma agenda totalmente estatizante, intervencionista. Talvez esteja enxergando esse eventual vácuo que a inelegibilidade do Lula pode trazer”, avalia.

 

O desempenho do ex-presidente petista nas pesquisas, ele acredita que é resultado dessa falta do “candidato óbvio”. Para ele, seis meses atrás o cenário mostrava com mais clareza a força da direita, e agora, há mais chance “dessa quadrilha” voltar ao poder. “O povo está pronto para fazer sua parte, mas a classe política não o fez”.

 

NA CAPITAL
Flávio Rocha esteve em Fortaleza na última terça-feira convidado pela Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza (AJE Fortaleza) e ministrou palestra na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

 

OPINIÃO

 

TEMAS POLÊMICOS

DESARMAMENTO

“Eu sou contra o Estatuto do Desarmamento porque é uma contradição alguém que acredita no protagonismo do indivíduo na economia dar o monopólio da força para o Estado. O Estado não dá conta da violência porque ele é ineficiente em tudo o que faz”.

MBL
“Eu nunca doei um tostão para o MBL (Movimento Brasil Livre), minha relação com ele nasceu quando eu dei uma entrevista em 2015 defendendo o impeachment. No dia seguinte, me ligaram do MBL marcando um café, e eu fiquei encantado com a maturidade e a lucidez daqueles meninos. Minha agenda ideológica é exatamente igual a deles”.

AÇÕES TRABALHISTAS
“Um dia, a coisa mais patética que já vi na vida, um comboio com umas 20 viaturas, sirenes ligadas, guardas de metralhadora invadiram as fábricas (no interior do Rio Grande do Norte) e não acharam nada de ilegal. Eles queriam estampar no jornal: “Guararapes acusado de trabalho escravo”, mas não acharam nada. Então, eu fiz algumas postagens (no Facebook) denunciando isso, e me orgulho de ter feito. Eu não sou um criminoso, não fiz nada de errado, eu fui perseguido (pelo Ministério Público do Trabalho)".

 

 

Letícia Alves

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