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Legalização de jogos de azar pode levar à caixa 2, dizem críticos

2018-01-13 01:30:00
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Por trás do movimento de legalização dos jogos de azar no Brasil pode estar a criação de um novo meio de lavagem de dinheiro para financiamento de campanha eleitoral. É o que diz a Frente Parlamentar contra a aprovação dos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional. Realizando o primeiro seminário da ofensiva, após instalada a Frente ainda em dezembro do ano passado, líderes contrários à medida alegam que a lavagem de dinheiro na atividade econômica é um dos pilares da legalização.


“Hoje, o Brasil está tentando fechar portas para diversos níveis de corrupção. Mas quando você fecha uma porta, a lavagem de dinheiro não vai deixar de acontecer. Outra porta vai se abrir”, destaca o presidente do Movimento Brasil Sem Azar, Roberto Lasserre. É o que justifica o desejo de alguns parlamentares de aprovarem a matéria ainda este ano, ainda segundo o presidente. “Eles vão deixar de lavar em um lugar para lavar nos jogos de azar. Daí eles querem tocar esse projeto para esse ano de 2018”, pontua.


O argumento é compartilhado pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Em entrevista ao O POVO, um dos líderes do movimento contrário à aprovação das matérias que versam sobre a legalização defende que a “facilidade” da prática da lavagem de dinheiro cria esse novo cenário nas eleições. “Se se lava dinheiro, vai abrir portas, uma vez que esse dinheiro lavado tem facilidade para estar no financiamento de campanha”, destaca.


Diversas entidades que apoiam o movimento participaram de seminário na manhã de ontem, na sede da Procuradoria da União no Estado do Ceará, no bairro Cocó. Fortaleza foi a primeira capital escolhida para receber o evento, por ser um centro turístico nacional, e com potencial para receber a instalação de um cassino, no caso da aprovação da lei.


A batalha política segue nos corredores da Câmara dos Deputados e Senado Federal. Mas antes, no entanto, essa discussão tenta ser pauta na sociedade, através de diversos seminários, que vão desencadear publicações nas redes sociais e coberturas de imprensa. “A gente está tentando dialogar com a sociedade. Fizemos três eventos em Brasília e vamos permear pelo Brasil inteiro, colocando nas redes sociais, conclamando o povo sobre os riscos que isso causa na sociedade brasileira”, afirmou o presidente do Movimento Brasil Sem Azar.


O POVO procurou parlamentares do Congresso Nacional que se colocam a favor da aprovação das leis para defender outro ponto de vista, mas as diversas tentativas de contato não foram atendidas em razão do recesso parlamentar. Muitos deputados e senadores estão fora do País.

Wagner Mendes

 

 

Bate-pronto


Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), deputado federal


O POVO - A pauta é patrocinada pelo governo Michel Temer?

Sóstenes Cavalcante - Por enquanto não vejo a mão do governo conduzindo para a legalização conforme interesse de vários agentes e líderes de partidos da base. É um lobby muito forte, mas ainda não vejo decisão do governo de entrar, como foi a sinalização de governadores.

 

OP - É possível saber se os legalistas têm maioria dos votos a preço de hoje?

Sóstenes - Nós estamos fazendo levantamentos. O trâmite na comissão especial foi tão célere e silencioso que ainda não houve debate, mas com certeza os legalistas já fizeram mapa e, como não pautaram ainda, eles viram que não têm votos necessários.

OP - Como está agenda da ofensiva?

Sóstenes - Estamos organizando agora. Somando essas associações não governamentais, e todo País, para fazer um grande seminário em março e sairmos com um trabalho cronológico planejado. Nos estados, trazer a mídia, e trazer o debate à sociedade para entender as motivações para isso estar tramitando de forma silenciosa e tão célere.

Gabrielle Zaranza

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