Temer se fortalece e amplia espaço do PSDB
Carlos Mazza
carlosmazza@opovo.com.br[SAIBAMAIS]
Vitórias de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) para Câmara e Senado, respectivamente, fortalecem controle do governo Michel Temer (PMDB) sobre o Legislativo. Com pauta impopular à vista, o Planalto fez ontem uma minirreforma na Esplanada, protegeu aliados e ampliou espaço do PSDB – tudo de olho nas próximas batalhas no Congresso.
Maia foi reeleito ontem para a presidência da Câmara com 293 votos, apoiado parcialmente até por PT e PCdoB. Para aprovar reformas da Previdência e trabalhista, que alteram a Constituição, o governo precisará de, no mínimo, 308 votos. Nesse caso, o fiel da balança pode acabar sendo o “centrão”, bloco que ganhou peso na gestão Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e chegou a ter até 220 deputados.
Representante desse bloco na disputa da Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO) somou 105 votos. Apesar de insuficiente para garantir um 2º turno na disputa, o resultado – acima dos 50 votos estimados – bastou para acender a “luz amarela” no governo.
Logo após a eleição da mesa, Jovair foi chamado para uma conversa com Temer. Sem esconder descontentamento com o desempenho, o petebista fez questão de lembrar que o número de votos de Maia não é necessário para aprovar emendas à Constituição.
Apesar de ter anunciado apoio do PT a sua candidatura, André Figueiredo (PDT-CE) acabou terminou com apenas 59 votos.
Se Temer terá que ampliar canais de negociação com o “centrão”, o presidente consolidou ontem aliança com o PSDB. Logo após a eleição, Temer anunciou o tucano Antonio Imbassahy (BA) para a Secretaria de Governo. A escolha foi acertada ainda no fim do ano passado para agradar o PSDB, que vinha criticando o governo e ameaçava lançar candidato próprio à presidência
da Câmara.
Em cargo antes ocupado por Geddel Vieira Lima - um dos nomes mais próximos do presidente -, Imbassahy terá papel de destaque nas negociações com a base na Câmara. “Ele terá atribuições de conduzir o diálogo com o Congresso Nacional, para votar as reformas do governo federal, fundamentais para a retomada do crescimento de nossa economia”, disse ontem o porta-voz da Presidência.
O presidente anunciou também a recriação de dois ministérios - Direitos Humanos e Secretaria-Geral da Presidência. Para o primeiro, foi indicada atucana Luislinda Valois. Para o segundo posto, Moreira Franco. Além desses “presentes”, foi expandido o Ministério da Justiça, comandado por Alexandre de Moraes (PSDB), que passará a se chamar Ministério da Justiça e
Segurança Pública.
Moreira Franco
Citado 34 vezes em delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, com apelido de “Angorá”, Moreira é acusado de atuar no governo em benefício da empreiteira. (com agências)
SAIBA MAIS
Jovair Arantes (PTB-GO) Representante do “Centrão”, foi principal rival de Maia e teve 105 votos
André Figueiredo (PDT-CE) Inicialmente contando com apoio do PT, acabou com apenas 59 votos
Júlio Delgado (PSB-MG) Candidatura isolada do PSB, não conquistou aliados e saiu da disputa com 28 votos
Luiza Erundina (Psol-SP) Saiu em candidatura própria com apoio de setores da oposição. Teve 10 votos
Jair Bolsonaro (PSC-RJ) Candidatura isolada, teve quatro votos, incluindo do filho, Eduardo Bolsonaro
Adriano Nogueira