Novas diretrizes para atividade física e saúde 

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Novas diretrizes para atividade física e saúde

2018-12-03 01:30:00

 

De tempos em tempos, associações médicas, agências governamentais e centros de pesquisa na área de bem estar publicam suas diretrizes e recomendações sobre a relação entre atividade física e saúde. Recentemente, em novembro de 2018, foi lançado com especial alarde, tanto no meio acadêmico, quanto na mídia não especializada, a segunda edição do Physical Activity Guidelines for Americans (PAG). Não é qualquer documento, trata-se de uma publicação do respeitado Department of Health and Human Services, uma agência governamental dos Estados Unidos, cuja missão é proteger a saúde e prover serviços humanos essenciais para os americanos.

Um comitê consultivo, formado por 17 pesquisadores, conduziu uma extensa e prolongada revisão da literatura sobre atividade física e saúde, destacando apenas as evidências classificadas como fortes e moderadas. Esse capricho na metodologia, especialmente na seleção dos estudos analisados, além da preocupação em listar recomendações claras e aplicáveis para o cidadão comum foram alguns dos aspectos que levaram publicações prestigiadas como o JAMA (Journal of the American Medical Association) e o Circulation (periódico da American Heart Association) a reproduzirem e comentarem o artigo, além de diversas matérias nos principais portais de notícia.

O resultado é um conjunto de diretrizes para a prática de atividade física em diferentes populações, que embora fundamentadas em pesquisas bem conduzidas, foram escritas de maneira simples e compreensível a fim de sensibilizar mais pessoas. O texto inclui recomendações específicas para crianças, adolescentes, adultos, idosos, além de gestantes e indivíduos que apresentam doenças crônicas ou incapacidades físicas. Foram ainda abordadas questões bem recentes sobre o impacto benéfico dos exercícios físicos na saúde cerebral, a importância dos indivíduos com diagnóstico de câncer permanecerem treinando, o papel dos exercícios na prevenção e nas consequências de quedas em idosos e até os efeitos agudos positivos no controle de alguns fatores de risco cardiovascular provenientes de uma única sessão de treinamento.

Segue um resumo das principais recomendações de atividade física para saúde dos adultos:

•    Adultos devem se mexer mais e sentar menos durante o dia, pois algum movimento é sempre melhor que nenhum. Nos estudos analisados, aqueles que seguiram essa simples orientação já obtiveram alguns benefícios na sua saúde;

•    Para obter benefícios substanciais para saúde, adultos precisam realizar algo entre 150 e 300 minutos de atividade física moderada por semana, ou 75 a 150 minutos de atividade aeróbia vigorosa por semana, ou ainda uma combinação de exercícios aeróbios com intensidade moderada e vigorosa, distribuídos ao longo da semana;

•    Fazer atividade física por mais de 300 minutos por semana rende benefícios adicionais para a saúde e aptidão física;

•    Adultos devem ser encorajados a treinar força, no mínimo 2 vezes por semana, mas preferencialmente mais vezes, com foco nos grandes grupos musculares e com intensidade moderada ou vigorosa.

Antes de aplicar essas recomendações, é fundamental compreender que o conceito de intensidade (grau de dificuldade percebida pelo praticante) é sempre relativo.  O que determina se o exercício é intenso ou não é o fato da mente e corpo estarem devidamente preparados para o esforço. Nesse contexto, iniciantes e iniciados na atividade física que têm dificuldade em distinguir o que é intensidade leve, moderada ou vigorosa, podem contar com auxílio profissional para utilizar alguns mecanismos como a frequência cardíaca e as escalas de percepção subjetiva de esforço.

Quando isso não for possível, é importante compreender que o esforço é classificado como moderado quando o praticante já saiu da zona de conforto e percebeu alguns sinais emitidos pelo corpo para responder aos movimentos que está executando: aumento dos batimentos cardíacos e da frequência respiratória e início da transpiração, porém apesar desses sinais, o esforço é perfeitamente tolerável, sendo possível reproduzi-lo por mais tempo sem os sintomas do cansaço. Já no caso da intensidade vigorosa, os sinais acima citados ficam bem mais evidentes e a sensação de fadiga (central ou periférica) começa a ocupar seus pensamentos de tal modo que a necessidade de um intervalo para recuperação fica cada vez mais forte.

Se eu tivesse que sumarizar para vocês aquilo que considero essencial nessa 2ª edição do PAG, eu destacaria que não há como discutir mais sobre o protagonismo que o movimento deveria exercer em nossas vidas. Seria mais fácil e mais atrativo dizer que bastariam 5 minutos do exercício que você mais gosta, ou ainda que, mesmo realizando exercícios leves, você atingiria todos os seus objetivos, mas infelizmente isso é uma falácia à luz das evidências científicas e da experiência acumulada de mais de 30 anos como profissional de Educação Física.  Na verdade, nada substitui o trabalho duro realizado com técnica e regularidade e ainda digo mais, se você apresenta condições restritivas de saúde, provavelmente para obter os benefícios terapêuticos específicos do seu problema, sua dedicação aos treinos deveria ser ainda maior.

Encerro o texto e o ano de 2018, aproveitando para agradecer todos vocês, leitores que curtem, criticam, sugerem e aplicam na prática este conteúdo que preparo com tanto carinho e responsabilidade. Feliz Natal e um ano novo com menos tempo: menos tempo em frente a uma tela, menos tempo sentado e menos tempo passivo. Sejam felizes e colaborATIVOS.

 

 

Rossman Cavalcante

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