Um Jardim de Alquimia 

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Um Jardim de Alquimia

2018-08-03 01:30:00
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Conheci em Fortaleza um lugar em que se faz alquimia na cozinha. E essa cozinha fica no meio de um lindo jardim. Poucas vezes sou convidado como colunista do O POVO para jantar em restaurantes. Normalmente vou por lazer e quando bem surpreendido escrevo sobre. Fui, a convite, conhecer o Jardim do Alchymist (@jardimdoalchymist). Cheguei por volta de 20h30min. Da rua, três grandes pirâmides acesas indicavam e chamavam atenção para o restaurante, a placa eu não vi. À frente do restaurante, o estacionamento é exclusivo para clientes.

 

Logo na entrada, o barulho de uma fonte já me gerou um reconforto, eu queria sentar ali mesmo e a penumbra ajudava a instigar o ambiente misterioso. Imensos jarros de barro com iluminação indireta, plantas exóticas como Pata de Elefante e elementos destoantes como que garimpados em locais diferentes indicavam um enorme zelo com a decoração.

 

A hostess me levou ao encontro de minha anfitriã. Cléa Girão é diretora comercial do Grupo Bonelli, conglomerado empresarial do italiano Giorgio Bonelli que, usando de toda sua verve empresarial, espalhou por lugares como Praga (República Checa), Monte Carlo, Ibiza, Milão, Jericoacoara e Fortaleza sua expertise e savoir faire na arte de receber. Cléa, com um espírito acolhedor singular, nos acompanhou numa degustação de três horas onde de tudo se conversou, menos de comida. De fato foi uma visita incomum porque, além dela, estavam minha esposa e a relações públicas do restaurante, Poliana Ramalho. Ressalto a presença delas porque aquilo que poderia ter sido uma degustação direcionada para conhecer os pratos se tornou um jantar entre "velhos amigos", que não se viam há tempos. De entrada eu ia pedir os Mexilhões Gratinados (R$ 59,90), mas o maître Glauber Souza sugeriu que os mexilhões viessem à Pepata di Cozze con Pomodoro. Deliciosos, escalfados e abafados numa "casserole" de louça branca, preparada com ervas, azeite e tomates frescos. Divino. Além dos mexilhões e da Cesta de Pães Variados com Patês (R$ 35), com o imperdível de alho, quase saciam só na entrada. Mas de estômago incansável e ansioso pelo ambiente recém-descoberto fui para a terceira entrada, Polvo à Mediterrâneo (R$ 40). Não é fácil acertar o ponto de um polvo para ser servido num restaurante, pois normalmente ele passa por duas ou três cocções (cozimentos) antes de ir para a mesa. Nesse processo, às vezes, ele fica duro ou se desmancha. Neste quesito, o chef Ronaldo Ferreira não erra. Cuidando do cardápio praticamente desde a inauguração da casa, o profissional acompanha pessoalmente todo o processo de pré-preparo, mise en place e serviço noturno. Era ainda segunda-feira, mas o ambiente pedia um bom vinho, solicitei a carta, mas o maître me conduziu até a adega. Escolhi um Chianti Ruffino. Bebo sempre esse vinho, tem um preço bem acessível para a qualidade da bebida. De volta à mesa, minha anfitriã sugeriu como prato a Grelhada Imperial do Alchymist (R$ 250), uma prancha de frutos do mar grelhados, dentre eles lagosta, vôngole, lula, polvo, camarão e sirigado, puxados na manteiga. Normalmente vem acompanhado de purê de batata e arroz de brócolis, mas hoje o chef mandou um risoto. A quantidade de frutos do mar foi suficiente para quatro pessoas. A carta de sobremesas é enorme, mas infelizmente não cabia mais. O restaurante tem uma ambientação muito confortável. O esmero na decoração e nos detalhes surtiu efeito e faz dele uma das poucas casas de Fortaleza com personalidade própria. Um ambiente impossível de se reproduzir.

 

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