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O preço da aprovação da Previdência

2017-12-01 01:30:00
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Os deputados federais venderam caro a derrubada da denúncia contra Michel Temer (PMDB). Aprovar a reforma da Previdência exige número de votos consideravelmente maior. Para evitar rejeitar a ação da Procuradoria Geral da República contra o presidente, eram necessários 171 votos. Para mudar a Constituição, o governo precisa de 308 votos.


Nas votações das duas denúncias, Temer nunca passou perto de ter os votos necessários para aprovar uma PEC. Na primeira teve 263. Na segunda, 251. O apoio erodiu-se.


Isso não quer dizer que a reforma da Previdência não será aprovada. Significa que, se arquivar as denúncias saiu caro, mexer nas aposentadorias irá custar ainda mais. Cada vez mais perto das eleições, o desgaste de medidas impopulares tem peso gradativamente maior.


A reforma é defendida como forma de salvar as contas públicas. Porém, o custo do governo para atender as demandas dos parlamentares em troca dos votos necessários periga deixar o rombo consideravelmente maior.


SOBRE O QUE FALAVA AÉCIO?

Dois aparelhos de telefone celular foram encontrados pela Polícia Federal em ambientes íntimos no apartamento de Aécio Neves (PSDB) em Ipanema, no Rio de Janeiro. Investigadores suspeitam que os aparelhos eram usados para conversas sigilosas. As ligações seriam feitas para alguns poucos números, de forma a não serem associados ao senador tucano. Os números estavam registrados no nome de um agricultor e de um montador de andaimes, aparentemente fora do círculo de amizades de Aécio. O suposto uso de laranjas seria maneira de fugir a eventuais escutas telefônicas.
[FOTO1]

Uma amostra do tipo de conversa que Aécio talvez mantivesse nessas linhas reservadas pode ser vista na gravação feita por Joesley Batista. Eles discutiam como o pagamento de R$ 2 milhões do dono da JBS seria feito ao senador tucano:


Aécio: Como é que a gente combina?


Joesley: Tem que ver. Você vai lá em casa ou...


Aécio: O Fred


Joesley: Se for o Fred, eu ponho um menino meu para ir. Se for você, sou eu (risos).


Aécio: Pode ser desse jeito (risos).


Joesley: Entendeu? Tem que ser entre dois, não dá pra ser...


Aécio: Tem que ser um que a gente mata ele antes dele fazer delação (risos).


PARTIDOS E COERÊNCIA

A coluna de anteontem questionou a posição de personagens como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também de Manuela D’Ávila, pré-candidata do PCdoB a presidente, de admitir alianças com setores que chamam de golpistas. Considero que, das duas uma: a) ou a acusação de golpe é leviana; b) ou os partidos são irresponsáveis por fecharem acordos que podem levar esses golpistas ao poder, de um jeito ou outro.

 

A esse respeito, Manuela D’Ávila se manifestou, por meio de sua assessoria. Ela citou o exemplo de Roberto Requião, no Paraná. De fato, foi peemedebista que se insurgiu dentro do partido e foi ferrenhamente contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT). “Num país com partidos frágeis e diversos como o Brasil, dizer peremptoriamente que não há nenhuma aliança a ser feita com o PMDB”. E acrescentou: “Como deixar um homem como Requião fora da frente ampla? Creio que deves saber que ele, por exemplo, é um dos mais bravos resistentes ao desmonte do Estado promovido por Temer”.


A pré-candidata tem razão, sobretudo quanto à fragilidade dos partidos. Requião, de fato, estava alinhado com PT e PCdoB contra o impeachment. Do ponto de vista da coerência, a aliança com ele faz sentido.


O problema é quando o exemplo de Requião é usado para abrir a porteira pela qual passa sem número de outras alianças. Por exemplo: no Ceará, o petista Camilo Santana negocia com Eunício Oliveira, peemedebista em posto mais graduado no País depois de Michel Temer (PMDB). O PCdoB faz parte da base aliada. Alguém aposta uma chinela com cabresto solto que o partido deixará a coligação se Eunício estiver na chapa?


GLOSSÁRIO-CLIPPING, PARTE 2

Verbetes do dia: democracia racial, “não vamos falar sobre racismo”.

“Três em cada quatro crianças que trabalham no NE são negras ou pardas”.


Leia neste link: https://bit.ly/trabibge

Érico Firmo

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