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A arte da guerra política

2017-12-06 01:30:00
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“Conquistar cem vitórias em cem batalhas não significa o máximo da excelência. O máximo da excelência é subjugar o exército inimigo sem chegar sequer a combater”. A máxima foi ensinada pelo general chinês Sun Tzu, por volta do século V antes de Cristo, no mais antigo tratado militar conhecido — A arte da guerra. Conquistar sem combate é a melhor síntese da estratégia política de Camilo Santana (PT).


Foi, também, a utopia de Cid Gomes (PDT). Porém, a personalidade e o estilo do ex-governador não o favoreceram. Pela forma política que tinha, ele chegava a arregimentar grandes alianças. Porém, elas iam se desfazendo ao longo do governo. Cid gostava de se apresentar como pessoa de diálogo. De fato, conversava com todo mundo.

Porém, fazia questão de que sua posição prevalecesse por fim.

Queria, na verdade, convencer os outros a aderirem a suas ideias.

Como não cedia, não recebia o apoio pretendido.


Camilo é mais disposto a realmente dialogar. Assim, foi eleito contra oposição vigorosa — ao contrário do que ocorreu com Cid — e tratou de desidratá-la.


Assim, Camilo acaba por colocar em prática outro ensinamento de Sun Tzu: “A melhor inteligência militar é atacar as estratégias do inimigo, em seguida atacar suas alianças, limitando a junção de suas forças”.

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No caso da oposição a Camilo, a estratégia e as alianças vêm a ser quase a mesma coisa. Pelo menos, o ponto de partida. Unir Tasso Jereissati (PSDB), Eunício Oliveira (PMDB) e Capitão Wagner (PR) era o ponto de partida do plano para derrotar Camilo. Essa articulação está seriamente minada.


O que poderia ser uma eleição acirrada caminha para se tornar frágil pela falta de adversários. Capitão Wagner (PR) é quem demonstra mais disposição. Porém, sem Eunício e sem Tasso como candidatos, será difícil ter uma chapa competitiva. Se é ótimo para o governante, a falta de alternativa real de poder é ruim para o eleitor. Para a própria democracia.


Com jeito encabulado, discreto, Camilo demonstra insuspeito conhecimento da arte de guerrear. Bom para ele e talvez para mais ninguém.


SINAIS DE UMA MÁ IDEIA


Duas notícias dos últimos dias dão conta da ideia de jerico que tem tudo para ser o plano para armar setores da Guarda Municipal.


No último sábado, 2, guarda municipal foi assassinado em Horizonte.

Ele fazia bico como segurança particular e estava armado. Foi baleado por quatro assaltantes, que levaram a arma da vítima.


Outra história: na quinta-feira passada, 30, homem que buscava atendimento médico em Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) em Londrina, Paraná, foi morto a tiros por guarda municipal. O homem se encontrava muito agitado, com sinais de descontrole e teve um aparente surto. Obviamente, havia um transtorno médico.


Dois guardas tentaram conversar com ele e acalmá-lo. Porém, ele agrediu um dos guardas e tomou a arma dele. Segundo a Prefeituras informou em nota, o homem chegou a disparar.

Então, o outro guarda disparou contra o paciente e o atingiu na cabeça e no peito.


A reação dos guardas a alguém que os agrediu, roubou a arma e efetuou disparo é compreensível. O problema é de origem: deveriam os profissionais de segurança estar armados quando tentam conter paciente em possível surto? Não estivessem eles armados, o paciente não teria sido assassinado.


Nos dois episódios, há menos de uma semana, a situação fugiu ao controle dos guardas. No primeiro, não haveria perícia ou treinamento que garantisse que ele teria sucesso ao reagir a abordagem de quatro homens. No segundo caso, nem mesmo lidavam com criminoso, mas com alguém com problema de saúde.


Os guardas municipais de Fortaleza serão treinados pela Polícia Federal. É o mínimo. Porém, o treinamento não evitará que eles se tornem potenciais alvos de grupos que queiram roubar suas armas.

Que haja troca de tiros em ocorrências nas quais o agente poderia até ser rendido. Isso ocorreu algumas vezes e é sempre muito grave.

Porém, o prejuízo até hoje foi apenas material. Pior é uma troca de tiros. Mais grave é quando o guarda municipal é morto, como ocorreu sábado, em Horizonte.

Adriano Nogueira

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