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Política contra Uber não é boa nem para taxistas

2017-02-14 01:30:00
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A forma como a Prefeitura de Fortaleza trata o Uber não é benéfica para ninguém, rigorosamente ninguém. A manifestação em defesa da empresa de transportes via aplicativo reuniu bastante gente em Fortaleza, neste domingo. A política de proibir o que já é fato consumado está distribuindo prejuízos. Os taxistas acham que perseguir o Uber é bom para eles. Coisa nenhuma. Os carros seguem em circulação e em número cada vez maior. Sem estarem submetidos a regras, não pagam impostos. Estivesse o serviço regularizado, passaria a pagar impostos. Os táxis teriam condições mais justas de concorrência, uma vez que precisam cumprir série de exigências. A maior vantagem competitiva do Uber hoje é o fato de não haver tributação. A falta de regulamentação é o maior problema para os taxistas.


A proibição cria situações realmente criminosas, com agressões frequentemente flagradas. São caso de Polícia. Para os motoristas da Uber, há o transtorno, por ter veículo apreendido e pagar multa. Mas não inibe a participação deles no serviço. A empresa arca com as despesas e banca o aluguel de novo veículo enquanto durar a retenção. Claro que é um inconveniente para ele. Todavia, os ganhos compensam com sobras.


Apesar das tentativas de proibir, pega-se Uber livremente em Fortaleza a qualquer hora do dia ou da noite. O serviço é uma realidade, emprega gente que estava sem fonte de renda, cria uma nova economia. Caiu no gosto dos usuários, que usam cada vez mais. Lutar contra é estupidez, miopia política.


Por que a Prefeitura é contra? A única explicação disponível está no apoio políticos dos taxistas ao prefeito Roberto Cláudio. Ele faz aceno à categoria, que acha que está sendo bom para ela. Erro de avaliação.


UBER TAMBÉM ERRA

Claro que a Uber tem sua parcela de erro, e já comentei aqui dia desses. Chega sem negociar, entra num mercado sem se submeter a regra nenhuma. Mete as caras, como se diz lá no Jardim América. Impõe-se como fato consumado e o poder público que se vire para se adaptar. Não é assim que se esfola um bode. A Uber diz defender a regulamentação, mas não buscou isso.


Diante disso, também não é o caso de a Prefeitura fazer birrinha e se negar ao diálogo. Cabe interpelar a empresa e estabelecer regras. É justo que qualquer atividade econômica pague impostos. Tem gente que nem quer regulamentação, prefere ausência de regras. Não é justo. Os impostos farão o preço da corrida subir, naturalmente. Mas, é com esse dinheiro de impostos que se paga saúde, educação, segurança, que se mantém as vias de trânsito e os espaços públicos.


Além da tributação, há de se discutir critérios, condições de segurança. A Uber tem suas regras, mas, é preciso que o poder público participe da discussão sobre as condições de prestação de serviço em Fortaleza. Essa ausência de lei é resultado da forma como a Uber se impõe nos mercados. Mas, também, da miopia da Prefeitura, que acha estar fazendo jogo duro, mas está prejudicando todo mundo. Até quem pensa estar sendo favorecido.

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O QUE PRETENDE CAMILO?

Ao defender o apoio do PT a Ciro Gomes (PDT) em 2018, o que pretende Camilo Santana? Na hipótese de o pedetista ser mesmo candidato a presidente, fica muito claro que dificilmente o governador deixará de apoiá-lo por causa do PT.


Então, talvez Camilo pretenda pressionar o PT a apoiar Ciro. É o cenário que ele mesmo diz considerar ideal. Porém, é difícil se concretizar. A outra possibilidade é que esteja pavimentando seu caminho e seu discurso para a possível saída do PT.

Hipótese que ele claramente não nega.


A forma como o governador fala sobre a possibilidade de sair do PT não é a de quem vai ficar no partido. Afirma que “essa discussão pode acontecer a qualquer momento” e que “não descarto nada”. Não dá qualquer sinal de apego à legenda e de que algo o segure à legenda.


CENSURA PRÉVIA PATROCINADA PELO PLANALTO

É perigosa a censura prévia à Folha de S.Paulo e ao O Globo. A Justiça tem repetidamente emitido decisões que barram a publicação prévia de matérias.

Absurdo por si só. Todo mundo é responsável pelo que publica e deve responder por eventuais danos. Porém, censurar previamente conteúdo é traço do arbítrio e risco à liberdade de expressão. No caso, a situação tem tremendo agravante: a censura parte do Palácio do Planalto. Desde a ditadura militar não tenho conhecimento de tanto peso político e institucional usado para censurar informação.

Adriano Nogueira

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