PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Telhado: quem já caiu e quem sobe?

2018-07-19 01:30:00

Toda novidade gera reação e com o automóvel não foi diferente: o rei da Alemanha (Kaiser Wilhelm II) disse em 1912: "Eu acredito no cavalo. O automóvel é uma aparição passageira" Outro dia eu comentei nesta coluna que só as concessionárias de automóveis premium teriam sobrevida garantida. As outras sucumbiriam diante do poder de grandes frotistas que operam o compartilhamento e empresas do tipo Uber. Não cheguei a ser apedrejado, mas poucos concordaram com o raciocínio.

 

Foi assim que desapareceram várias empresas gigantescas: não acreditaram estar vindo um tsunami tecnológico. Quando chegou e virou o mercado ao avesso, elas caíram do telhado:

 

Olivetti

A máquina de escrever não resistiu ao computador, que faz a mesma coisa de forma mais prática e econômica. E dispensa, quando possível, o uso do papel.

 

Kodak

Não aderiu ao digital com receio de prejudicar a venda de suas máquinas e filmes. Chegou a empregar 100 mil funcionários, faliu e está tentando se recuperar da derrocada.

 

Polaroid

Não resistiu ao celular, que faz fotos instantaneamente e podem ser imediatamente impressas, com qualidade muito superior.

 

Blockbuster

Não resistiu ao Net Flix e Now: para que alugar um DVD se eu tenho todos os filmes do mundo na minha TV com um clique no controle remoto?

 

Tower Records

Não resistiu ao YouTube e iTunes: para que comprar discos e fitas se eu os tenho todos à minha disposição? Outras grandes redes de lojas de discos (e livros) estão fechando as portas, derrotadas pelo sistema digital.

 

O futuro é igualmente incerto para várias profissões e empresas. É certa a derrocada das companhias do setor automobilístico que não estejam se preparando para uma profunda modificação do mercado. Não somente pelas novas tecnologias aplicadas ao automóvel (haja vista a tendência irreversível ao elétrico), como a própria relação consumidor-veículo, pois se prevê que o carro não deverá ter um "dono", mas um "sócio" no sistema de compartilhamento.

 

Quem sobe no telhado:

 

Motores

Motores à combustão estão com os dias (ou anos, para ser mais razoável) contados. Mais dia, menos dia, todos serão elétricos.

 

Componentes

Lugar garantido no museu, acompanhando o motor a combustão: arranque, bombas de água, combustível e óleo, ventiladores, sistemas de injeção, radiadores, escapamentos e catalisadores. Câmbios manuais e automáticos, semi-eixos, cardãs e diferenciais.

 

Troca de óleo

Qual, se elétricos não têm nem motor nem câmbio?

 

Motoristas

Taxistas, caminhoneiros e condutores de outros veículos podem ir pensando numa outra atividade. E não será num futuro distante: muitos operadores de máquinas agrícolas já estão desempregados, substituídos por computadores que as controlam no campo!

 

Estacionamento

Estacionar para quê, se tem Uber? Ou a opção do autônomo que vai ao teatro, volta sozinho para casa e vem buscar o dono mais tarde?

 

Valet

Mesmo antes do autônomo, já está pronto o carro que procura vaga e estaciona. E volta para a porta do restaurante mediante um chamado do celular do dono

 

Concessionárias

A venda do automóvel para a pessoa física vai se reduzir drasticamente, pois a ideia não é a propriedade, mas o direito de uso, o compartilhamento (share). Os carros pertencerão às grandes empresas que administrariam sua utilização. Sobrevivem as que vendem marcas de luxo, automóveis premium.

 

Oficinas

A manutenção do automóvel será substancialmente reduzida, pela redução de componentes e acidentes, além do gerenciamento eletrônico dos sistemas mecânico e elétrico.

 

Auto Escola

Quanto tempo vão durar as escolas de formação de motoristas, se o carro autônomo vai dispensá-los?

 

Pilotos

É dificil prever se sobreviverão à eletrônica. A Audi desenvolveu um software e colocou um carro para "fazer tempo" na pista. Ele se saiu melhor que os pilotos. Nenhuma novidade: computadores já não estão vencendo nos tabuleiros de xadrez?

 

Policiais de trânsito

Quem deverá ser policiado? O computador segue rigorosamente a legislação, não bebe nem fica sonolento, não ultrapassa na faixa contínua nem avança sinal.

 

Radar de velocidade

"Armadilhas" para multar têm futuro nebuloso: carro sem motorista não comete infração

 

Jornalista especializado

Também "dança"..

 

TAGS