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Especialistas explicam aumento de casos de Covid-19 entre familiares

Maior carga viral gerada pela variante Ômicron e convívio próximo por longos períodos sem ventilação ou uso de máscaras aumentam os riscos de adoecer

Os últimos dez dias têm sido de preocupação e recuperação na casa da aeroviária Cristianne Lima. No último dia 9, ela chegou ao aeroporto de Fortaleza para trabalhar normalmente, mas se sentindo “um pouco estranha” e “com a garganta arranhando, mas nada de insuportável ainda”. “Fui fazer o teste de Covid-19 por precaução e deu reagente”, conta.

“Quando recebi o resultado, chamei meu esposo para fazer o teste; até porque ele estava tossindo no dia anterior. Pedi que ele fizesse lá o teste, já que ele também trabalha no aeroporto, e o resultado deu positivo”, lembra. Do trabalho, foram diretamente para o hospital do plano de saúde. “Não sabíamos quais remédios tomar e não gosto de tomar sem prescrição médica.” Foram receitados um anti-inflamatório, um anti-alérgico e um antitérmico e analgésico.

No dia seguinte, o filho do casal, Rafael, de 20 anos, apresentou “muita tosse, muita mesmo”, buscou atendimento hospitalar e teve prescrição similar a dos pais. “Até então, minha filha Rafaella, de 15 anos, estava só espirrando. Na quarta-feira, amanheceu com a garganta arranhando. Já entendemos que era Covid porque apresentava os mesmo sintomas”, relata Cristianne.

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"Quando vimos, todos estávamos todos em casa tossindo e com muita moleza. Meu marido e meu filho tiveram febre. Mesmo todos dizendo que os sintomas eram leves, achei a questão do cansaço muito intensa”, completa, lembrando que os filhos tomaram as duas doses contra a Covid-19, e ela e o marido já tomaram a dose de reforço. “Sinto que a recuperação é muito lenta, mas estamos melhorando. A gente resolve alguma coisa pelo celular e evita sair totalmente ainda.”

Casos semelhantes ao da família Lima são cada vez mais frequentes. Basta uma pessoa da casa estar infectada para em poucos dias os demais também receberem diagnóstico positivo para a Covid-19. “O ambiente intradomiciliar é um local onde as pessoas costumam ficar juntas por um tempo prolongado e sem máscara. Com a variante Ômicron, que é muito mais transmissível, os riscos de infecção aumentam”, explica o infectologista Keny Colares. “Por isso é muito importante que, quando uma pessoa fica doente, avise as outras e se isole.”

Ele explica que a vacinação ajuda a evitar sintomas graves que levem a uma internação hospitalar. Ainda assim, naõ barra a possibilidade de contrair o vírus. "A variante tem mostrado capacidade de infectar pessoas que já tiveram a doença e também as já vacinadas", aponta. "Mas a vacinação completa com reforço traz menor chance."

A infectologista Melissa Medeiros explica que, quando comparada com o vírus selvagem e a variante Delta, a Ômicron faz o organismo gerar “uma quantidade muito maior de secreções contaminadas”. A médica cita o estudo "Higher viral load and infectivity increase risk of aerosol transmission for Delta and Omicron variants of SARS-CoV-2 "(na tradução, "Maior carga viral e infecciosidade aumentam o risco de transmissão por aerossol para variantes Delta e Omicron do SARS-CoV-2"), publicado neste mês na revista Swiss Medical Weekly. Os pesquisadores suíços concluíram que a Ômicron tem maior carga viral e, assim, os riscos de infecção são altos mesmo que o contato seja breve e com pouca quantidade de secreções respiratórias da pessoa doente.

O estudo aponta ainda que para cada mil pessoas infectadas com o coronavírus selvagem, uma era superemissora. Com a variante Delta esse número aumenta para uma a cada 30 pessoas. Já para a Ômicron, varia de uma a cada 20 e até uma a cada dez.

Prevenção contra a Ômicron

Os especialistas são unânimes: é fundamental arejar os ambientes, manter boa higienização das mãos e usar máscaras bem ajustadas no rosto, sempre cobrindo nariz e boca.

Melissa orienta a realização de testes de identificação do vírus para quem teve contato com alguém doente. “Se apresentar sintomas, fazer teste no mesmo dia de início dos sintomas. Se estiver assintomático, em cinco dias após o contato”, orienta. “Nos casos assintomáticos e com resultado negativo, o CDC nos Estados Unidos orienta ainda fazer mais um teste 72 horas depois do primeiro para confirmar o diagnóstico.”

“Como nem sempre os testes são acessíveis, o fundamental é o isolamento da pessoa que está com sintomas e a quarentena para quem teve contato com ela”, completa Kenny. “Mesmo antes de ter o resultado de um teste, as medidas devem ser tomadas. Esse vírus é muito transmissível, especialmente nos primeiros três a cinco dias de sintoma”, alerta.

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