Ômicron: brasileiro que mora na África do Sul relata indignação com o fechamento das fronteiras

Atualmente, ao menos 41 países já implementaram restrições a voos para países do continente africano; nova cepa da Covid-19 foi declarada "variante de preocupação" pela OMS e possui mais que o dobro de mutações da delta

Em 11 de novembro, a nova cepa do coronavírus, que foi batizada de ômicron, surgiu na cidade de Botsuana, na África do Sul. Nas últimas semanas, muito tem se falado sobre seus possíveis riscos e mais de 20 países já baniram voos de países africanos. 

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O brasileiro Ruan Galdino mora em Joanesburgo, na África do Sul, há seis anos. Ele relata que, nesse domingo, 28, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, fez um anúncio público na TV para falar sobre as próximas medidas a serem tomadas em relação ao combate da nova variante ômicron. “Nós achávamos que muita coisa ia mudar, que íamos voltar para o lockdown, mas não. Ele [o presidente] não quer que isso [a nova variante] afete tanto a economia”, disse em entrevista ao jornalista Jocélio Leal da Rádio O POVO CBN.

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Contudo, o presidente Ramaphosa chegou a dizer que a vacinação pode se tornar obrigatória no país. “Eles estão motivando ainda mais o povo a se vacinar porque parece que só um terço do país está vacinado”, explicou Ruan. Atualmente, ao menos 41 países já implementaram restrições a voos para países do continente africano.

O brasileiro também relatou que percebeu a indignação dos sul-africanos e da comunidade com a qual se relaciona nas redes sociais em reação rápida dos governos ao fechar as fronteiras para a África do Sul: "Na internet todo mundo sente como se fosse um um um ato racista e xenofóbico". Ruan está duplamente vacinado contra a Covid e agora aguarda a terceira dose. Ele viaja para o Brasil todo fim de ano, mas desta vez foi impedido pelo bloqueio estipulado por portaria federal.

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Política x Ciência

 

Sobre isso, o presidente do Instituto Brasil-África, Bosco Monte, opina que a decisão foi precipitada. “Em menos de uma semana o mundo fechou as portas, não apenas para África do Sul, mas para alguns outros países da África. Foi muito precipitado. Não que os países não tenham a sua liberdade de fechar as fronteiras, mas é necessário que a Ciência seja respeitada”, disse Bosco em entrevista aos jornalistas Jocélio Leal e Raquel Gomes, da Rádio O POVO CBN.

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Após o anúncio da nova variante da Covid-19, os líderes das nações europeias agiram de forma objetiva e fecharam as fronteiras em menos de duas semanas. Segundo Bosco, para que medidas emergenciais como essa fossem aplicadas, precisaria de um confirmação oficial dos órgãos fiscalizadores sobre os riscos da nova cepa. "Decidiram de forma política e não científica. A África do Sul não é uma vilã, os cientistas do país agiram de forma muito altruísta ao comunicar a OMS de imediato, sem uma conversa, inclusive, com os cientistas dos seus países", disse.

 

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