O que se sabe sobre a variante Delta, que teve o primeiro registro de morte no Brasil

Ainda não há estudos mais completos que comprovem que a variante causa uma forma mais grave de Covid-19. Porém, já há a hipótese que os sintomas podem ser um pouco diferentes dos conhecidos

O primeiro caso de morte pela variante Delta do novo coronavírus no Brasil foi confirmada neste domingo, 27. No exterior, entretanto, a variante já vem preocupando por já ser registrada em mais de 90 países e ser potencialmente mais transmissível. Detectada originalmente na Índia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera que a variante tem impulsionado uma terceira onda em países africanos. 

A linhagem da B.1.617 tem três versões com algumas diferenças: a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3. Elas foram descobertas na Índia entre outubro e dezembro de 2020 e, possivelmente, foram originadas no país. A variante conhecida como Delta se refere a B.1.617.2, reportada ainda em outubro do ano passado, e consta na lista de variantes de preocupação ou interesse do SARS-CoV-2, atualizada em 15 de junho de 2021, pela OMS.

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Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Nessa linha, quanto mais um vírus circula mais ele faz replicações, consequentemente, gera uma maior probabilidade de ocorrência de modificações no seu material genético. Além da variante Delta, também aparecem em destaque entre as preocupantes: a Gama, conhecida como P1 ou brasileira; Alfa, B.1.1.7 originada no Reino Unido; e a Beta, B.1.351, originada na África do Sul.

A variante é mais transmissível?

 

De acordo com a OMS, todas essas variantes estão associadas a algumas características, como: aumento da transmissibilidade; aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença; ou diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos, vacinas e terapêuticas disponíveis.

No caso da variante Delta, a líder técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, afirma que há confirmações de circulação atualmente em 92 países. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, confirmou que a variante delta é a "mais transmissível" registrada desde o início da pandemia e tem se espalhado até em populações já majoritariamente vacinadas contra a Covid-19.

Testes de laboratório sugerem que a variante se multiplica mais no organismo e aumenta a chance em 60% de pessoas da mesma família se contaminem, de acordo com uma análise divulgada pela autoridade sanitária britânica Public Health England (PHE).

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A variante já tinha sido prevalente na segunda onda na Índia. Atualmente, a preocupação tem migrado para o continente africano. A variante foi registrada em 14 países e detectada na maioria das amostras sequenciadas no último mês na República Democrática do Congo e em Uganda. Nos Estados Unidos, também há o alerta sobre a variante.

Em 15 de junho, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), agência dos Estados Unidos equivalente à Anvisa no Brasil, considerou a variante como “preocupante”. A classificação é baseada em evidências crescentes de que a variante delta se espalha mais facilmente e causa danos mais graves quando comparada a outras variantes.

Quais os sintomas? É mais grave?

 

Ainda não há estudos mais completos que comprovem que a variante causa uma forma mais grave de Covid-19. Porém, já há a hipótese de que os sintomas podem ser um pouco diferentes dos conhecidos previamente associados ao coronavírus.

Os infectados reclamam de dor de cabeça, nariz escorrendo e garganta dolorida, bem como febre. Entretanto, a perda do olfato e do paladar não estão sendo registradas pelos pacientes, como aponta um estudo britânico do King's College de Londres que observa os sintomas dos pacientes por meio de um aplicativo.

As vacinas são menos eficazes?

 

Estudos também têm testado a eficácia das vacinas já produzidas para proteção contra a Covid-19. O epidemiologista Anthony Fauci, assessor médico chefe do presidente norte-americano, Joe Biden, ressaltou que duas doses dos imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca "parecem" eficazes contra a mutação conhecida como Delta. Ele pediu novamente que a população tome as duas doses da vacina contra o coronavírus para evitar a disseminação de variantes mais contagiosas da doença.

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As pesquisas sobre a funcionalidade das vacinas contra a variante ainda estão em desenvolvimento. Segundo o jornal Deutsche Welle, pesquisadores escoceses testaram a eficácia e chegaram às seguintes conclusões: a vacina da Pfizer-Biontech tem até 79% de eficácia contra a variante Delta, em comparação com 92% no caso da variante Alfa. E a proteção da vacina da AstraZeneca contra a Delta é de 60% em comparação com 73% no caso da variante Alfa.

Já há registros no Brasil?

 

Uma mulher grávida, de 42 anos, tornou-se a primeira paciente a morrer no Brasil com diagnóstico da variante Delta do novo coronavírus. A informação foi confirmada, no domingo, 27 de junho, pelo Ministério da Saúde. A vítima tinha vindo do Japão para Apuracana, no norte do Paraná, onde morreu em 18 de abril.

A paciente morta está na origem do primeiro caso de transmissão comunitária no Paraná da variante delta. Uma idosa de 71 anos foi infectada pela filha, que era amiga da gestante e tinha ido visitá-la. A idosa já teve alta. Como a filha, que teve contato com a gestante, só fez o teste de antígeno, não foi possível traçar o sequenciamento genético do vírus.

Anteriormente, os primeiros casos da variante foram identificados em tripulantes estrangeiros de um navio atracado no porto de São Luís, no Maranhão. Rio de Janeiro e Minas Gerais também têm confirmação da variante. No Ceará, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) notificou um caso suspeito da variante indiana do coronavírus no Ceará, mas o caso foi descartado.

Como tem sido prevenido no Ceará?

 

Segundo a Secretária de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), as medidas de prevenção e rastreamento de variantes permanecem as mesmas. Caso haja mudanças, a população será informada e uma nova nota técnica será divulgada.

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