68% dos dados de leitos no Brasil apresentam problemas, aponta estudo

Feito pela Open Knowledge Brasil (OKBR), o estudo analise compara e os dados obtidos pelo Ministério da Saúde através do Censo Hospitalar, criado para preenchimento por parte das unidades hospitalares do País

Análise feita pela Open Knowledge Brasil (OKBR) indica problemas em 68% dos dados registrados pelas unidades hospitalares do Brasil com relação à ocupação de leitos, sejam exclusivos à Covid-19 ou não. Os resultados do estudo foram divulgados nesta quinta-feira, 8, um dia antes do marco de um ano desde a criação do “Censo Hospitalar”, sistema do Ministério da Saúde que deve ser preenchido diariamente pelos hospitais do País.

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Dados inconsistentes e falta de atualização estão entre os erros encontrados: 87% das unidades com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) têm taxas de ocupação exorbitantes, o que indica problemas de registro; 31% não fazem atualizações há pelo menos duas semanas, enquanto 24% não fazem há mais de três meses.

“A partir dos dados que analisamos, é muito difícil pensar que essas informações estão sendo consideradas para o enfrentamento da pandemia pelo Ministério da Saúde, pois estão ou bastante defasadas ou distorcidas com a falta de padrão. Se esses forem os únicos dados disponíveis, podemos considerar que o país está se planejando no escuro”, argumenta Fernanda Campagnucci, diretora-executiva da OKBR.

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As porcentagens informadas pelos estados é a principal base para o monitoramento da ocupação de leitos no País, principalmente daqueles destinados ao tratamento da Covid-19. O estudo da OKBR compara os dados do Ministério da Saúde com informações repassadas por secretarias estaduais de saúde e contidas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

Discrepâncias significativas foram notadas nas comparações: 18% dos registros Ministério-CNES diferem; em relação aos estados, apenas seis dos 27 entes tinham diferenças médias menores que 20% quando confrontados ao Censo.

“Monitorar as taxas de ocupação hospitalar é um procedimento fundamental para mensurar o quão próxima da oferta se encontra a demanda por leitos, permitindo que estados e municípios organizem seus estabelecimentos de saúde para atendê-la”, explica Danielle Bello, coordenadora de Advocacy e Pesquisa da OKBR. As taxas de ocupação de leitos servem para medir a eficácia das ações de enfrentamento dos governos estaduais e municipais.

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“Faz toda diferença para a qualidade dos registros se há uma percepção de que esse sistema é útil, ou seja, que os dados são usados para monitorar a situação no estado e município”, defende Campagnucci. “Do contrário, ele é simplesmente visto como mais uma obrigação em meio a um cenário de sobrecarga de tarefas”.

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