Quais são e o que se sabe sobre as principais mutações do coronavírus

Comitê de emergência da OMS antecipou reunião sobre variantes do coronavírus. Encontro deve "considerar problemas que precisam de uma discussão urgente". Entre eles estão as recentes variantes, o uso da vacinação e certificados de testes para viagens internacionais

O comitê de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) se reúne nesta quinta-feira, 14, para discutir as variantes do novo coronavírus.  As reuniões do comitê são trimestrais, mas a de hoje foi antecipada em duas semanas pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. 

Certificados de testes para viagens internacionais e outras medidas de contenção da pandemia também devem estar na pauta. O comitê de peritos, presidido pelo francês Didier Houssin, deve publicar recomendações para a OMS e países membros serão publicadas após o encontro.

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No último mês, algumas variantes levantaram alerta internacional. A principal preocupação está relacionada com mutações identificadas na proteína spike, que viabiliza a entrada do vírus nas células humanas

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Veja o que se sabe sobre algumas das principais variantes do novo coronavírus

Brasil

O Japão está tentando isolar uma nova variante do coronavírus detectada em dois adultos e dois adolescentes que estiveram no Brasil, no estado do Amazonas, para analisá-la melhor. A infecção foi detectada ainda no aeroporto de Haneda, em Tóquio, no dia 2 de janeiro.

No Brasil, pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz Amazônia (ILMD/Fiocruz Amazônia) estudam a variante, designada provisoriamente como B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y). Segundo a Fiocruz, há indícios de que as mutações se deem a partir de uma linhagem que já circulava no País e sejam um fenômeno recente, ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

O Ministério da Saúde (MS) brasileiro foi notificado pelo governo japonês e afirmou em nota que, segundo as autoridades japonesas, a nova variante do Sars-Cov-2 tem 12 mutações. O comunicado japonês informa que a variante recém encontrada apresenta semelhança com a variante E484K, originalmente identificada na África do Sul. A mutação E484 tem o potencial de afetar a capacidade de alguns anticorpos neutralizarem o vírus, de acordo com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão.

O MS afirmou, porém, que não há evidência científica de que a nova variante impacte a efetividade do diagnóstico laboratorial ou das vacinas atualmente em estudo.

África do Sul

Identificada em outubro na África do Sul, a variante 501Y.V2 ou B.1.351 não parece causar as formas mais graves da Covid-19, mas cientistas estão preocupados por ela parecer ser mais contagiosa e mais difícil de combater. Segundo a OMS, essa variante já foi detectada em outros 20 territórios além da região sul-africana.

Cópias do vírus foram enviadas para laboratórios em todo o mundo, para testes, e a Pfizer publicou dados indicando que a vacina produzida por ela funciona. Porém, foi uma experiência limitada.

Recentemente, uma mulher foi reinfectada em Salvador por essa mutação do coronavírus. Ela não tinha histórico de viagem à África do Sul e informou não saber se alguém com quem teve contanto esteve no país. O caso é estudado por equipe formada por pesquisadores do Instituto D'or de Ensino e Pesquisa do Hospital São Rafael, da Fiocruz e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Reino Unido

A nova variante do Reino Unido, conhecida como VUI-202012/01, VOC 202012/01 ou linhagem B.1.1.7, foi anunciada pela primeira vez por Matt Hancock, o secretário de saúde do país, em 14 de dezembro. Foi posteriormente confirmado pela Public Health England e pelo consórcio de sequenciamento de Covid-19 do Reino Unido.

Analisando os bancos de dados do Sars-CoV-2, a primeira amostra foi coletada no condado de Kent, sudeste da Inglaterra, em 20 de setembro. A variante carrega 14 mutações definidoras, incluindo sete na proteína spike.

Desde que foi informada à OMS, a variante foi detectada em pelo menos 50 países, territórios e áreas. A análise dos resultados mostra que a idade e o sexo das pessoas infectadas são semelhantes às das outras variantes. Os dados de rastreamento de contato também revelam "transmissibilidade mais alta".

Estados Unidos

Na quarta-feira, 13 de janeiro, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, afirmaram que descobriram duas novas variantes do coronavírus no país entre dezembro e janeiro.

De acordo com eles, há semelhanças com a variante identificada no Reino Unido e as mutações têm potencial de tornar o Sars-Cov-2 mais contagioso, embora as evidências indiquem que não tenha efeito sobre a eficácia das vacinas.

Os estudos ainda estão sob revisão de pares e não foram publicados em revista médica. "Ainda precisamos entender o impacto dessas mutações no vírus, a prevalência delas sobre a população e se elas têm impacto mais significativas na saúde humana", afirmou o cientista-chefe do Centro Médico Wexner do Estado de Ohio, Peter Mohler. (Com agências)

Colaborou Gabriela Custódio

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