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Butantan reitera que evento adverso não tem relação com Coronavac e expõe indignação com Anvisa

Em coletiva, o Governo do Estado de São Paulo e o Instituto Butantan consideraram o posicionamento da Anvisa antiético

O Governo do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Butantan, reforçou que o evento em um voluntário de testes da Coronavac é adverso e não relacionado à vacina contra Covid-19. A informação é categórica e vem horas após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciar suspensão do estudo clínico da Coronavac, vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac com colaboração do Instituto Butantan.

De acordo com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, a Anvisa só informou o instituto sobre a interrupção às 20h40min de segunda-feira, 9, por e-mail. Vinte minutos depois, a informação estava na imprensa, "com alarde", explica Covas. Para ele, faltou ética do órgão regulatório para com o Butantan, já que nenhuma reunião foi marcada pela Anvisa para esclarecimentos. Covas afirmou que os testes serão retomados em dois dias.

A suspensão de estudos clínicos durante Fase 3 é comum e importante para garantir a segurança das vacinas testadas. "O que não é normal é transformar um acontecimento normal em um fato anormal. Causa sofrimento, dor e insegurança em quem se voluntariou", frisa Covas. "Fomentaram um ambiente, que já não é muito propício ao fato de a vacina ser feita em associação à China... Fomentaram um descrédito gratuito a troca de quê?", questiona.

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Na coletiva de imprensa nesta terça-feira, 10, o coordenador executivo do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, João Gabardo, deu a entender que há motivação política na interrupção do estudo: "Coincidentemente, no mesmo dia que o Governo de São Paulo apresenta a proposição de início de obras para o Instituto Butantan ter condições de produção da vacina, algumas pessoas festejam o fato de ter aparecido um óbito e criado esta confusão, para tentar desmoralizar a vacina por ser desenvolvida por empresa chinesa".

Na manhã desta terça-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse no Facebook que a suspensão é "mais uma que Jair Bolsonaro ganha". Sem provas, o presidente falou que a vacina chinesa contra a Covid-19 causa "morte, invalidez e anomalia". As informações sobre o evento adverso da vacina ainda não são públicos, por motivos éticos do estudo para com o voluntário, e Dimas Covas frisa que "não falou em óbito". 

"Sempre respeitaremos os dados do paciente em questão e dos seus familiares. Tranquilizo a todos os voluntários de que esta vacina é segura. Estamos a favor da vida, da verdade e da transparência. Não há nenhuma disputa com vacinas, nós estamos lutando e preservando a vida", diz o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Ele aproveitou para pedir respeito aos médicos e cientistas envolvidos nas pesquisas.

Evento adverso x reação adversa

 

Covas ressaltou a diferença entre reação adversa e evento adverso. Reação adversa é toda aquela que ocorre sete dias após a injeção da vacina. As reações adversas notificadas em relação à Coronavac foram leves e com frequência baixa, envolvendo dor localizada, dor de cabeça, enjoo e fraqueza.

Já os eventos adversos são aqueles não relacionados com a vacina. Mais de dez mil voluntários estão sendo acompanhados pelo estudo clínico e todos devem seguir a vida normalmente, para garantir a análise dos resultados. "Eles levantam, vão para o trabalho, vão para seu lazer. Bom, em dez mil pessoas podemos ter eventos dos mais diversos possíveis. Por exemplo, uma dessas pessoas é atropelada e morre. Não estou dizendo que foi esse o caso", exemplifica o presidente do Instituto Butantan.

Mesmo os eventos adversos são reportados e devem ser analisados. Conforme reiterado por Covas, o evento adverso em questão não tem relação com a vacina de Covid-19. Ele também reforçou que não pode divulgar, pelo princípio da confidencialidade e ética com os dados do voluntário, se o evento foi um óbito. 

Assista à coletiva na íntegra:

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