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Média móvel de casos da Covid-19 segue em queda no Ceará; entenda como o índice é calculado

Especialista aponta que apesar de mais adequado para o acompanhamento, índice pode ser enganoso para lugares com menor número de casos, como o Ceará

O Ceará segue com números de casos confirmados de Covid-19 em queda, de acordo com gráfico da média móvel disponível no IntegraSUS, plataforma da Secretaria de Saúde do Estado. Em comparação com maio, quando a pandemia atingiu o pico no Estado, o primeiro dia de setembro registrou valores 70% menores em relação à média móvel.

Em certo ponto no meio da pandemia, tornou-se comum ouvir a expressão “média móvel” nos principais veículos de imprensa do País. O recurso é utilizado pelos especialistas para tentar ter um pouco mais de precisão com o acompanhamento da doença. No caso da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o valor é calculado considerando o total de casos dos últimos sete dias.

Isso permite que uma variação incomum em um dos dias da semana não seja vista de forma isolada. O caso do Rio de Janeiro, por exemplo, é fundamental para entender como acompanhamento diário pode ser impreciso. No dia 1º de agosto, o Estado registrou 1.718 novos casos de covid-19. Já no dia 2, o número de novas infecções caiu para 12. Dias depois, porém, viria um susto: o boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde no dia 5 trouxe 3,7 mil novos casos.

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Para o epidemiologista Marcelo Gurgel, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o método de acompanhamento é adequado, mas pode ser enganoso em estados com número de casos com redução expressiva, como o Ceará. Ele ressaltou que pequenas variações em números absolutos podem acabar correspondendo a mudanças percentuais consideráveis.

O especialista tomou como exemplo o acompanhamento feito pelo Jornal Nacional, que classifica as federações em três situações: em queda, estável e em alta. Para ser considerado estável, o estado precisa ter uma variação menor que 15% para mais ou para menos. Isso acaba fazendo com que o Ceará e outras federações transitem entre baixa e alta em uma quantidade pequena de dias.

Além de variações da infecção, o acompanhamento dos novos casos da Covid-19 podem enfrentar ainda problemas gerenciais, como o número de testes. “Se você faz uma testagem em massa, vai captar mais casos, mas se não está examinando, eles não vão aparecer”, defende Gurgel. Na Uece, por exemplo, há uma grande quantidade de testes já próxima ao vencimento e a instituição corre para fazê-los.

Imunidade de rebanho ainda está distante, indica pesquisadora

Em artigo publicado no Jornal do Médico Digital, Thereza Magalhães, professora do curso de Enfermagem da Uece, considerou que faltam cerca de 500 mil casos para que Fortaleza alcance uma imunidade de rebanho, em que uma parcela significativa da população adquire imunidade específica contra a infecção.

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De acordo com a especialista, é preciso que 26,7% da população adquira imunidade contra o vírus para que a proteção funcione. Como ainda não há vacina disponível, isso precisaria acontecer através de infecções. “Deseja-se, além dos casos atuais, mais 500 mil casos de Covid-19 em Fortaleza ou é mais prudente adotar medidas protetivas? Considerando a escolha da segunda opção, use máscara, proteja os olhos e mantenha o distanciamento social”, argumenta Magalhães no artigo.

Ela ainda lembra que a Capital está em uma situação melhor que outras cidades do Estado. Isso acontece porque o Município foi o primeiro a iniciar sua curva epidemiológica o que também faz com que a descida aconteça mais rápido. “A Covid-19 não acabou só porque você cansou de ficar em casa! Inexiste condição de imunidade de rebanho na Covid-19 em Fortaleza, sendo relevante acompanhar a média móvel da doença para verificar seu estágio atual em nossa capital”, provoca a especialista.

(Com informações da Agência Brasil)

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