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Educação infantil volta presencialmente nesta terça-feira; veja como pais podem preparar os filhos para a nova volta às aulas

Entre as medidas de segurança estão a testagem de alunos e professores, o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas e o uso de máscaras pelos profissionais e crianças a partir de 3 anos

A partir desta terça-feira, dia 1º, está autorizado o retorno gradual das aulas presenciais nas instituições de ensino no Ceará. No primeiro momento, apenas educação infantil, na rede privada, com 30% da capacidade está permitido. Aulas práticas e estágios no Ensino Superior e as atividades extracurriculares (curso de idiomas, música, informática, etc) também poderão voltar presencialmente. Entre as medidas de segurança estão a testagem de alunos e professores, o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas e o uso de máscaras pelos profissionais e crianças a partir de 3 anos.

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No protocolo, as escolas também vão ter que intensificar os canais de comunicação com os pais e com as autoridades de saúde para explicar providências que estão sendo adotadas para evitar a disseminação do vírus. Casos confirmados devem ser notificados em até 48 horas à Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

O retorno às aulas presenciais é opcional e a escola deve assegurar a manutenção do ensino integral remoto para que os pais possam escolher. Feiras, palestras, seminários, competições esportivas e acolhimento dos alunos em espaço coletivo que possibilite aglomeração estão proibidos. Os pais e responsáveis devem ter disponível o modelo de ferramenta para Tomada de Decisão (CDC), previsto no protocolo, que deve ser disponibilizado pela instituição de ensino onde o filho está matriculado.

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Além disso, os pais devem ficar atentos e cobrar que profissionais que têm contato direto com as crianças da Educação Infantil usem batas de manga longa por cima da roupa e mantenham cabelos (quando longos) presos de alguma forma (rabos de cavalo, coque, trança). As turmas devem ser organizadas e os alunos devem sentar com distância igual ou superior a 1,5 metro entre eles. Deve haver também o escalonamento dos horários de entrada, saída, intervalo, banho (sistema integral ou outros), lanche e almoço das turmas para evitar aglomeração. Espaços dedicados às atividades lúdicas devem permanecer fechados.

Mesmo assim, a pediatra Virna Costa e Silva afirma que ainda há riscos para todos porque o vírus não foi controlado e ainda não existe uma vacina. Ela ressalta que a transmissividade teve queda, mas é preciso estar atento a essa volta às aulas das crianças. “Vai ser basicamente impossível não ter contato por causa da saudade. O principal ponto aqui é os pais serem orientados a não levarem as crianças para o colégio com sintomas ou mesmo se os pais tiverem tido”, comenta. Febre, dor de cabeça, quadros virais e dor no corpo devem acender o alerta, mesmo nos sintomas iniciais. Caso tenha algum, a criança deve permanecer em casa.

A pediatra chama atenção quanto ao álcool em gel. O produto deve ser usado na higienização das mãos e estar disponível, mas, com crianças , precisa ser feito com cuidado e supervisão, para evitar o contato com os olhos. Manter o ambiente arejado e com número reduzido de adultos circulando também ajuda a minimizar um possível contágio. “Diminuir o número de adultos no colégio, porque os adultos é que transmitem para as crianças. Ter um corpo docente consciente de como é para ser feito e evitar a circulação dos pais”, lista.

Ir e voltar da escola também deve seguir um protocolo. O ideal é que eles saiam direto de casa para o ambiente escolar, sem passar em outros locais. No retorno, as roupas e os sapatos devem ser limpos todas as vezes. Podem ser usados sprays de álcool ou água sanitária, cloro, no solado dos sapatos. E as roupas devem ser lavadas. As crianças devem imediatamente tomar banho ao chegar em casa.

Explicação e honestidade são a base da preparação

O psicólogo especialista em saúde mental, Kleidir Feitosa, comenta que os pais devem conversar abertamente com os filhos, adaptando de forma lúdica, dependendo da idade. Segundo ele, é preciso que a criança entenda o motivo e a importância de seguir os protocolos de higienização. “O cuidado de distanciamento é uma coisa que não faz parte do universo da criança. Esses novos cuidados devem ser apresentados de uma forma lúdica para que a criança possa entender. Os pais precisam também reforçar a cada execução desses comportamentos”, aconselha.

O profissional orienta que as medidas sejam inseridas na rotina dos pequenos. Como ter a hora de dormir, comer, brincar ou fazer o exercício, seguir os protocolos sanitários podem fazer parte do dia a dia. Fixar uma cartolina com horários ou as “regrinhas” pode facilitar as práticas, porque a criança não é pega de surpresa e vai se acostumando.

Ele relata casos em que as crianças desenvolvem medos e até pânico de sair, baseado no que escutam. Os pais, nesses casos, podem atuar passando segurança para os pequenos baseados em um diálogo honesto. “Ele podem conversar que, seguindo os novos hábitos, está tudo certo, nada vai acontecer. As crianças aprendem muito com a observação. Então, se os pais utilizarem desse recurso, as crianças já vão ter certa facilidade”, explica ele.

Segundo ele, é normal que nos primeiros dias as crianças possam ficar estranhas, muito pela adaptação a uma nova realidade. “A gente não aprendeu de uma hora para outra a sair e não tocar em nada, foi uma adaptação. Com a criança, vai ser a mesma coisa. O reforço com os pais é sempre importante, se é inserido já no ambiente familiar vai ficar mais fácil essa adaptação fora”, ressalta.

É preciso ter atenção aos sintomas

Além dos sintomas físicos, como febre e um quadro gripal, os pais devem ficar atentos com alterações no comportamento dos filhos. A psiquiatra especializada em Infância e Adolescência, Danielle Admoni, alerta para o desenvolvimento de quadros de ansiedade nesta pandemia. Por tenderem a não verbalizar como se sentem, os pais ou responsáveis deve ficar atento a sinais físicos com:

1. Diarreia ou dor de barriga

2. Desenvolvimento ou aumento de tiques, que são alterações motoras como um som ou movimento repetitivo e compulsivo que, muitas vezes, é difícil de controlar

3. Arrancar cabelo ou a casquinha de feridas;

4. Dor de cabeça;

5. Sono alterado, não consegue dormir ou acorda no meio da noite pensando em algo específico;

6. Aumento ou diminuição do apetite;

A psiquiatra ressalta que os pais não podem imaginar que as crianças estão alheias ao ambiente. É preciso sempre explicar e responder possíveis perguntas que os pequenos tragam, respeitando e analisando se aquilo vai aliviar o estresse da criança ou aumentar. “A criança não é burra, ela percebe as coisas. A gente não pode deixar de clarear o que ela está percebendo”, explica a Admoni. É preciso que os pais ajudem os filhos a traduzir o que estão sentindo. “Assim que a criança começa a trazer essas perguntas, a pior coisa que pai pode fazer é dizer ‘Minha filha, não tem nada’”, explica. O ideal é conversar da maneira mais clara e simples e tirar todas as dúvidas. 

 

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