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Cientistas descobrem primeiro indício de imunidade humana contra novo coronavírus; duração ainda é desconhecida

Ao analisarem pequeno surto de Covid-19 em grupo de marinheiros, pesquisadores apontam que anticorpos atuantes em partes do espinho do Sars-Cov-2 conferem imunidade contra a doença
13:25 | Ago. 22, 2020
Autor Catalina Leite
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Catalina Leite Repórter do OP+
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Tipo Notícia

Pesquisadores de Seattle, nos Estados Unidos, identificaram primeiro indício de imunidade humana contra o vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19. Segundo eles, há a possibilidade de que anticorpos que atuam nas proteínas dos espinhos do novo coronavírus - em especial na ponta do espinho -, garantem imunidade contra o Sars-Cov-2.

A descoberta foi possível após análise de um pequeno surto de Covid-19 em um grupo de 122 marinheiros. Por causa da pandemia de Covid-19, todos os tripulantes das embarcações de pesca em Seattle estão passando por testagens RT-PCR e sorológicas antes de embarcarem. No grupo específico de 122 marinheiros (113 homens e nove mulheres), 120 foram testados por RT-PCR e sorologia. Não se sabe o motivo de os outros dois marinheiros não terem sido testados.

Todos testaram negativo no RT-PCR e seis testaram positivo no teste sorológico - ou seja, apresentavam anticorpos contra o Sars-Cov-2. Em posse dos resultados, a embarcação foi ao mar, mas precisou retornar 18 dias depois. A tripulação começou a apresentar sintomas de Covid-19, e um dos marinheiros precisou ser hospitalizado.

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Resultados

Ao analisar as amostras dos tripulantes, os pesquisadores identificaram que os três marinheiros que tinham anticorpos neutralizantes de proteínas presentes nos espinhos do novo coronavírus não foram contaminados. Enquanto isso, os outros três marinheiros que tinham anticorpos contra a nucleoproteína - presente no interior do vírus - foram contaminados.

Vale lembrar a estrutura do coronavírus: arredondado com espinhos o envolvendo. Os espinhos são compostos por proteínas spike, utilizadas para invadir as células humanas. Ele usa as células para se multiplicar, o que causa a Covid-19.

Enquanto os anticorpos contra a nucleoproteína não impedem o vírus de invadir a célula humana, os que atuam contra as proteínas spike impedem. Por isso, os pesquisadores teorizam que a chave para a imunidade humana está nos anticorpos contra as proteínas spike.

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O estudo foi publicado neste sábado, 22, no periódico científico American Society for Microbiology Journals. (LINKAR: https://doi.org/10.1128/JCM.02107-20) Os resultados ainda configuram como hipótese, mas são o primeiro passo para compreender melhor a reação do sistema imunológico humano contra a doença. “No geral, nossos resultados fornecem a primeira evidência direta de que anticorpos neutralizantes anti-Sars-Cov-2 protegem contra a infecção do Sars-Cov-2 em humanos”, aponta o autor principal da pesquisa, Amin Addetia.

Outro dado que o estudo sugere é que a imunidade reativa causada por outros coronavírus - a imunidade cruzada fornece uma proteção “limitada” contra o novo coronavírus. A duração da imunidade ainda é desconhecida.

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