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"Quero rosas brancas enfeitando meu caixão", disse técnico de enfermagem à mãe antes de morrer, aos 22 anos, por Covid-19

Segundo o G1, ele se despediu da família no dia em que foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
12:00 | Jul. 29, 2020
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

A mãe do técnico de enfermagem Klediston Kelps, de 22 anos, que morreu com Covid-19 no último sábado, 25, disse que o filho já sabia que não resistiria à entubação. Segundo o G1, ele se despediu da família no dia em que foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular e pediu para de ter flores brancas e uma vermelha no caixão dele.

Klediston deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá (MT), no final de junho. O estado de saúde dele se agravou, e no dia 18 de julho o jovem foi transferido para a UTI, onde ficou sete dias internado. No sábado, 25, ele não resistiu e morreu.

A mãe de Klediston, Elisângela da Silva Faria, de 40 anos, conta que no dia em que seria entubado, o técnico de enfermagem mandou mensagem para a família e para a mãe, dizendo que poderia não resistir.

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Elisângela disse que ele também mandou um adeus no grupo da família. A mãe lamentou a perda. "Eu perdi a coisa mais preciosa da minha vida. Ele era uma luz para mim e na hora em que ele morreu, antes mesmo de saber, eu senti meu filho indo embora", disse.

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Sepultamento

Elisângela contou que não pôde realizar o desejo do filho, já que, por causa da doença, não houve velório e o sepultamento foi feito com o caixão lacrado. No entanto, a mãe levou as flores pedidas pelo filho até o local em que ele foi enterrado.

Klediston era técnico de enfermagem concursado em Primavera do Leste e cursava o último semestre de Enfermagem no município. Elisângela, que é técnica de enfermagem do Samu, conta que o filho já tinha muitos planos e sonhos para a carreira.

"Ele dizia que queria seguir meu passos e que por isso tinha escolhido a enfermagem. Mas também dizia que não queria parar por ali, sonhava em terminar o curso e se tornar enfermeiro e depois estudar ainda mais, até chegar ao doutorado. Meu filho era muito dedicado em tudo que fazia. Ele estudou muito para passar no concurso do local em que trabalhava. E estudava ainda mais", relata.

A mãe conta que, apesar de ter se mudado para Primavera do Leste para assumir a vaga do concurso, Klediston continuava mantendo contato com a mãe diariamente.

"Meu filho era muito carinhoso. Sempre ligava, escrevia poesias, demonstrava o amor dele. No telefone também debatia assuntos comigo, tirava dúvidas sobre a área, sempre querendo saber mais e estudar mais", diz.

Diagnóstico

A família do técnico em enfermagem acredita que ele foi contaminado pela Covid-19 durante os plantões no trabalho. Klediston havia pegado dengue semanas antes. Por causa disso, o sistema imunológico já estava debilitado.

Além disso, a mãe conta que a família tem histórico de cardiopatia e que acredita que a comorbidade possa ter influenciado no quadro.

Os primeiros testes feitos no jovem deram negativo para Covid-19. Segundo Elisângela, quando Klediston foi diagnosticado, os sintomas já eram mais fortes. "Ele me mandava mensagem, estava sofrendo. As enfermeiras me falavam que ele rolava de dor", lembra.

Apesar disso, a mãe conta que ainda tinha esperanças e esperava pela saída do filho, mas notou que nos últimos dias de vida, ele estava se sentindo mais cansado e sem forças.

A Prefeitura lamentou a morte do jovem e disse que no trabalho ele era dedicado, atencioso e cuidadoso. O jovem atuava em um posto de saúde, fazia plantões no setor de urgência e emergência da UPA. O resultado do exame que confirmou a morte por coronavírus saiu na segunda-feira, 27.

Mato Grosso já registrou, até essa segunda-feira, 27, 46 mil casos de Covid-19 e 1.669 mortes em decorrência da doença, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.


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