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Superpropagadores de Covid-19: saiba que hábitos causam e como evitar

Enquanto uma pessoa com o vírus da Covid-19 tende a contaminar entre uma a três pessoas, superpropagadores podem ser responsáveis por dezenas de contaminações
09:23 | Jul. 13, 2020
Autor Catalina Leite
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Catalina Leite Repórter do OP+
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Tipo Notícia

Entre 1900 e 1907, a irlandesa Mary Mallon contaminou cerca de 50 pessoas com a febre tifóide - infecção causada pela bactéria Salmonella typhi - nos Estados Unidos, mesmo estando saudável. Ela foi a primeira pessoa registrada como assintomática para tifóide na história, além de ser um dos casos mais famosos de superpropagadores de doenças. Assim como a tifóide e outros males, a Covid-19 também indica ter superpropagadores.

Enquanto uma pessoa com o vírus Sars-Cov-2 tende a contaminar entre uma a três pessoas, superpropagadores podem ser responsáveis por dezenas de contaminações. Foi o que aconteceu na festa de casamento de Marcella Minelli, irmã da influenciadora Gabriela Pugliesi, na qual pelo menos 15 convidados deram positivo para Covid-19, provavelmente de um convidado que tinha voltado recentemente dos Estados Unidos. 

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“Na verdade, [o superpropagador] é algo já bem descrito lá da época do Sars, em 2003, e se repetiu com a Mers, em 2012. São algumas situações em que uma pessoa contaminava muita gente, às vezes sem ter relação próxima. Por exemplo, houve um caso de uma pessoa que se internou em determinado hospital e 30 profissionais de saúde se contaminaram naquele hospital”, explica o infectologista Keny Colares. Apesar de ser difícil comprovar quem exatamente passou para quem, o fenômeno da superpropagação tem sido observado com mais embasamento científico na pandemia de Covid-19.

Quem pode ser os superpropagador

Mas o que torna determinadas pessoas em superpropagadoras? Bom, há um conjunto de possibilidades. A primeira é o fator biológico. Ainda não se entende bem o porquê, mas o fato é que algumas pessoas biologicamente espalham mais vírus, mesmo estando saudáveis. Outro fator está relacionado aos hábitos, como circular demais pela cidade e até falar alto demais.

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De acordo com o infectologista, a tendência é que pessoas falando muito alto ou cantando espalhem mais vírus. Quando se fala alto, canta ou respira muito forte - por exemplo, quando se está cansado de uma atividade física -, o corpo produz mais gotículas respiratórias. Essas gotículas são aerossóis, tão finas que ficam suspensas no ar, e uma das formas de transmissão do vírus. Os aerossóis podem ser inalados por outras pessoas, caso não estejam usando equipamento de proteção individual apropriado.

Um caso registrado é o contágio de 61 membros de um coral no estado de Washington, nos EUA. Um dos cantores estava com sintomas semelhantes a de um resfriado e participou do encontro que durou duas horas e meia. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) país, 87% dos presentes contraíram a Covid-19, apesar de terem mantido o distanciamento mínimo.

Outros fatores: espaços fechados e tempo

O mesmo exemplo do coral ajuda a explicar os outros dois contextos favoráveis para superpropagações: ambientes fechados e tempo. Como existe risco de propagação pelo ar e por aerossóis, ambientes fechados e sem ventilação - como com ar-condicionados - devem ser evitados. É sempre melhor deixar as janelas abertas, para o ar circular, e ficar em espaços abertos em que a distância mínima de um metro e meio possa ser respeitada.

Além disso, Keny lembra que o tempo é um fator a ser considerado. “Se tem uma pessoa que está com eliminação de vírus, se eu fico dois minutos conversando com ela eu vou ter um risco menor. Se eu fico meia hora naquele ambiente com ela, eu vou ter um risco maior”, ilustra. “Do ponto de vista individual a gente não controla porque a pessoa elimina [em excesso] aquele vírus, mas do ponto de vista do comportamento, a gente controla.”

A forma de evitar superpropagadores, portanto, é clara. Seguir as medidas de isolamento social, manter a higiene respiratória, corporal e de objetos e usar máscaras de proteção em ambientes abertos e fechados ajuda a inibir transmissões. Importante ressaltar que os protocolos devem ser seguidos por todos, mesmo pessoas saudáveis.

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