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Parceria entre Instituto Butantan e laboratório chinês: vacina contra Covid-19 em fase final de testes

Segundo o governador João Doria, empresa fornecerá ao Instituto doses da vacina para a realização de testes clínicos em voluntários no Brasil
15:37 | Jun. 11, 2020
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira, 11, que o Instituto Butantan será parceiro da gigante farmacêutica chinesa Sinovac Biotec para a produção de uma vacina contra o coronavírus que está em fase final de testes. Segundo o portal G1, se bem sucedida nas avaliações, a vacina poderá ser produzida e disponibilizada no País.

Estudos indicam que a vacina estará disponível no primeiro semestre de 2021, ou seja, até junho do próximo ano. "Com essa vacina nós poderemos imunizar milhões de brasileiros", disse Doria em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

O anúncio foi feito uma semana após o governo iniciar o plano de flexibilização da quarentena no estado. Segundo Doria, a empresa fornecerá ao Instituto Butantan as doses da vacina para a realização de testes clínicos da fase 3 em voluntários no Brasil.

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O governador disse ainda que o acordo prevê a participação de São Paulo na realização de testes clínicos dessa vacina, com o acompanhamento de 9 mil voluntários brasileiros a partir do próximo mês de julho. Portanto, em três semanas, 9 mil voluntários já estarão sendo testados no País.

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Como funciona a vacina
A vacina da Sinovac Biotech já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.

Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).

Desse modo, a vacina implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.

Cientistas chineses chegaram à fase clínica de testes – ensaios em humanos – em outras três vacinas. Uma produzida por militares em colaboração com a CanSino Biologics, e mais duas desenvolvidas pela estatal China National Biotec.

Polêmicas

A Sinovac Biotech, empresa citada por Doria, é uma afiliada do estatal Grupo Farmacêutico Nacional da China, sediada em Pequim. O laboratório obteve autorização para começar testes em humanos em abril.

A empresa é alvo de investigação na China. Segundo o jornal New York Times, investigações apontam que o gerente geral da Sinovac Biotech deu, entre 2002 e 2014, ao vice-diretor da China encarregado das avaliações de medicamentos, quase US$ 50 mil para ajudar o laboratório com as aprovações de medicamentos. Documentos apontam que o responsável pela operação é o atual executivo-chefe da empresa. As empresas não responderam aos pedidos de reportagens feitos pelo NYT.

Outras parcerias

Ainda segundo o governo de SP, outros acordos com Sinovac estão sendo feitos para garantir o fornecimento do produto ao País enquanto a tecnologia de produção da vacina é transferida para o Butantan. Os estudos clínicos no Brasil serão iniciados após a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos comitês de ética em pesquisa.

Próximas etapas

Além desta iniciativa, há ao menos 133 candidatas a vacina contra o vírus causador da Covid-19, sendo que dez delas estão na fase clínica, ou seja, sendo testadas em humanos.

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Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam passar por diversas etapas para testar segurança e resposta imune. Primeiro há uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos).

O segundo momento é de fase pré-clínica, em que ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (ratos, por exemplo).

Só então é chegada à fase clínica, em humanos, dividida em três momentos:

Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;


Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;


Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário

Outras vacinas
Outra vacina também será testada no Brasil: Desenvolvida por pesquisadores de Oxford, a ChAdOx1, está na terceira e última fase dos ensaios clínicos. Dois mil brasileiros serão voluntários neste estudo dividido entre São Paulo e Rio de Janeiro.

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A estratégia faz parte de um plano de desenvolvimento global, e o Brasil será o primeiro país fora do Reino Unido a começar a testar a eficácia da imunização contra o Sars-CoV-2. Isso acontece porque, diferente de outros grandes centros, o Brasil ainda registra prevalência da Covid-19, ponto importante para garantir a eficácia dos estudos.  (com informações do jornal O Globo)

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