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Sem dar detalhes, Sindicato dos Médicos pede que seja investigado se há fraude em atestados

"Não podemos dar certeza, mas nossa obrigação é investigar", diz Edmar Fernandes, sobre suposta pressão para médicos assinarem laudos com coronavírus como causa de mortes de pacientes
23:21 | Mai. 13, 2020
Autor Alan Magno
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Alan Magno Estagiário de jornalismo
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Tipo Notícia

O presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (SMCE), Edmar Fernandes, afirmou em entrevista ao O POVO que as denúncias de médicos sobre fraudes em atestados de óbitos precisam ser investigadas apropriadamente. O dirigente sindical frisou ainda que irá se dedicar intensamente para garantir a segurança de profissionais que queiram realizar denúncias e para assegurar que ocorrência seja devidamente investigada nas instâncias competentes.

Segundo Edmar, pelo menos cinco médicos confirmaram que pretendem ajudar na investigação solicitada ao Ministério Público do Estado. O presidente do SMCE reforçou que, para a entidade, não importam o número de denúncias, que um simples relato do que classificou como “uma atrocidade, esse suposto assédio” seria o suficiente para abertura de inquérito. “Estamos aqui para esclarecer tudo, para ajudar nos fatos. Não podemos dar certeza, mas é nossa obrigação é investigar”.

Durante a entrevista, Edmar comentou que era impossível mensurar um número de exato das denúncias recebidas, por elas virem de diversas fontes, por muitos canais e, sobretudo, pelo fato de que os médicos estariam desistindo de denunciar por medo de represálias.

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Segundo ele, os profissionais estariam sendo pressionados com ameaças de demissão, pelos gestores de suas respectivas unidades de saúde a generalizar a causa da morte de alguns pacientes, antes da confirmação do diagnóstico para Covid-19. Assédios semelhantes também estariam ocorrendo a outros profissionais de saúde, mencionou o representante da classe médica.

“Por exemplo, um paciente com câncer em estado terminal chega ao hospital com suspeita de Covid-19 e morre. É preciso uma avaliação minuciosa para aferir a causa principal da morte, que provavelmente, deve ter sido o câncer, mas nas denúncias, os médicos estariam sendo orientados a colocarem coronavírus”, explicou o presidente do sindicato.

Edmar destacou a importância da criação de um canal específico e seguro para os médicos realizarem denúncias do tipo e mencionou suposta falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), carga horária excessiva e outras problemas por vezes não denunciados por medo.

As explicações de Edmar dizem respeito ao Pedido de Providência feito pelo Sindicato ao Ministério Público do Estado (MPCE), solicitando abertura de investigação sobre denúncias de que médicos estariam sendo pressionados a classificar mortes como “suspeitas do novo coronavírus”.

O movimento do Sindicato junto ao MPCE corre após o deputado estadual André Fernandes (PSL) ter acusado o Secretário da Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, de pressionar médicos a fraudarem laudos de óbitos para “inflar estatísticas” do novo coronavírus.

Questionado sobre tal correlação, Edmar afirmou: “Se eu falar disso, vai ser minha opinião pessoal. Não quero tratar de pessoa A ou B. Eu vou garantir que o Ministério Público investigue os casos e tome as medidas cabíveis a partir dos resultados das investigações", disse, sem citar nomes de quem estaria pressionando os médicos. Ele refutou a ideia de uma diminuição da seriedade da pandemia de coronavírus. “É algo extremamente grave. Nunca ninguém viveu algo desse tipo”, pontuou.

 

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