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Coronavírus no Nordeste: Ceará lidera em casos entre profissionais de enfermagem

Falta de EPIs é apontada pelo Conselho Regional de Enfermagem do Estado como um dos motivos para a alta taxa de transmissão; Governo e Prefeitura garantem o fornecimento
17:23 | Abr. 30, 2020
Autor Gabriela Almeida
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Gabriela Almeida Repórter O POVO
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Tipo Notícia

O Ceará é o estado do Nordeste com mais registros de casos de profissionais de enfermagem infectados pelo novo coronavírus, de acordo com levantamento feito pelo Observatório da Enfermagem e divulgado pelo Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE). Segundo os dados, são 105 confirmações da doença entre os profissionais e 428 casos suspeitos. Os números são referentes a última terça-feira, 28.

Entre os casos de profissionais da enfermagem diagnosticados no Estado, 103 permanecem em quarentena enquanto três seguem internados. O balanço registra ainda uma internação entre os casos de profissionais com suspeita de Covid-19. Os demais aguardam pelo resultado dos exames ou pela melhora dos sintomas em quarentena.

Em relação ao números de óbitos em decorrência da doença entre os profissionais, o Estado registra três. Em comparativo aos estados nordestinos, ele fica atrás apenas de Pernambuco, com quatro. No entanto, a morte da técnica de enfermagem Maria José, nessa quarta-feira, 29, não entrou ainda no balanço. A profissional de 71 anos morreu por complicações causadas pela patologia.

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A nível nacional, o Ceará é o terceiro estado que mais registra diagnósticos positivos da doença entre os profissionais de enfermagem, ficando atrás do Rio de Janeiro (501) e de São Paulo (473). De acordo com informações da assessoria do Coren, o balanço é alimentado com informações passadas por “chefes de enfermagem de diversas unidades hospitalares” públicas e privadas do Brasil.

Falta de proteção

A assessoria do Coren argumentou ao O POVO que possível falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou o uso de modo inadequado deles podem ser motivos da alta taxa de infecção entre os profissionais de enfermagem. O órgão classificou ainda o cenário como “preocupante” e afirmou ter realizado ações para evitar o aumento dos números.

Entre as medidas adotadas pelo órgão, consta uma ação judicial contra o Estado e a Prefeitura de Fortaleza para que instituições esclareçam acerca do fornecimento de EPIs. Como resposta, a Justiça Federal determinou que os executivos estadual e municipal informassem sobre a distribuição desses equipamentos, comprovando que estavam possibilitando a segurança adequada para os profissionais das unidades de saúde do Estado.

A Prefeitura e o Estado cumpriram a medida liminar, informando sobre aquisições dos equipamentos e relatando um estoque e uma distribuição regular dos itens, de acordo com informações passadas pelo setor jurídico do Coren-CE. As documentações entregues pelos órgãos, no entanto, podem ser objetos de réplica por parte do conselho pois, segundo o mesmo, as denúncias realizadas por profissionais da área sobre a falta de equipamentos “continuam chegando”.

Procurada pelo O POVO, a assessoria da Prefeitura de Fortaleza informou que recebeu, nessa quarta-feira, 29, um lote de quatro toneladas de EPIs. A secretária da saúde do Município, Joana Maciel, informou ainda, por meio de vídeo, que desde o início da pandemia o órgão tem se preocupado com a proteção dos profissionais de saúde, provendo a confecção e o fornecimento de equipamentos.

Até o fechamento desta matéria a assessoria do Governo não havia dado retorno. Procurado pelo O POVO anteriormente, após determinação da justiça, o Estado havia se posicionado afirmando que “a saúde dos profissionais estava sendo priorizada”. Além da medida judicial, o Coren-CE realiza ações como a distribuição de máscaras entre os profissionais. Ana Paula Brandão, presidente do conselho, classificou essa ação como uma "estratégia de proteção aos agentes da saúde". No domingo, chegou a Fortaleza uma carga de 90 toneladas de insumos hospitalares, incluindo EPIs e testes que, segundo o Estado, seriam suficientes para suprir a demanda de profissionais por três meses.

Com informações de Ismia Kariny / Especial para O POVO

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