Cearense residente da Itália pede por repatriação e é ofendida nas redes sociais

Após apelar para as televisões brasileiras para conseguir ser repatriada, Francisca Graciane recebeu diversas ofensas de brasileiras também residentes da Itália

Francisca Graciane, 36, mora em Nápoles, na Itália, há 15 anos. Ela é faxineira e tem quatro filhos de até 10 anos. A pandemia do Covid-19 assustou a cearense e a fez tomar a decisão de pedir repatriamento ao Governo brasileiro, já que uma das crianças tem pneumonia alérgica. Após tentar diversas vezes contato com o Consulado do Brasil e não ser atendida, Francisca decidiu apelar para as televisões nacionais.

Ao mostrar a situação de pânico entre os italianos, ela tentava chamar a atenção do Governo Federal, que não pensa em repatriar brasileiros. O que Francisca não imaginava é que receberia ofensas de brasileiras também residentes da Itália. 

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"Fui chamada de 'nordestina passa fome', fiquei com vergonha e desisti da repatriação", conta. "Foram palavras de baixo calão referentes a mim e meus filhos", disse. Ela enviou à reportagem do O POVO prints de uma mulher desconhecida a ofendendo. Neles, a mulher acusa Francisca de pedir dinheiro para voltar ao Brasil e sugere que a faxineira "arranjou um italiano para conseguir permissão de residência". 

"Não é uma questão de dinheiro. Dinheiro para comprar as passagens eu tinha, mas a questão é que as fronteiras já estavam fechando. O Norte [da Itália] já estava fechado! E vi que o Bolsonaro repatriou os brasileiros [da China], que se uniram e pediram nesse momento de caos para retornar ao Brasil", explica a faxineira.

Como ela e um dos filhos tem pneumonia alérgica, Francisca ficou preocupada em permanecer na Itália durante a pandemia. Isso porque de 20 março a 21 de junho o país passa pela primavera, período de alergias. Com a saúde já sensibilizada, o risco dela e das crianças de contraírem o Covid-19, que atinge os pulmões, é maior.

Rotina com o coronavírus

De acordo com a faxineira, a maioria dos italianos continua trabalhando normalmente. Vestido de luva e máscara, o marido de Francisca sai de casa e evita tocar nas maçanetas. Ao retornar para casa, quem abre as portas é a cearense, enquanto o italiano vai direto tomar banho.

Os sapatos ficam fora de casa e tudo que o marido vestiu e utilizou é imediatamente limpo. É nessa vida regrada que a Itália, país com mais casos de Covid-19 fora da China, tem vivido.

Explicar para as crianças o que está acontecendo foi bem mais simples do que a mãe imaginava. Compreensivos, os filhos ainda pequenos cumprem adequadamente com os procedimentos higiênicos de lavar as mãos e os alimentos.

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Por outro lado, muitos jovens italianos desafiam as recomendações governamentais de isolamento. Muitas crianças, principais vetores da doença, continuam indo para a rua brincar. "Aqui na minha cidade tem pessoas teimosas que saem todos os dias. É normal, como se nada estivesse acontecendo", relata.

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