Padilha dá ‘prioridade absoluta’ à pesquisa para tratar lesões medulares
O anúncio sobre a polilaminina foi compartilhado pelo ministro da Saúde nesta terça-feira, 21, em sua rede social
A polilaminina, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebeu “prioridade absoluta” do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta terça-feira, 21. O medicamento experimental pode representar uma evolução no tratamento de lesões medulares.
Em publicação na rede social, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que o ministério e a agência devem acompanhar os estudos de avaliação da segurança e eficácia, com o objetivo de “acelerar a chance de acesso à população”.
“É esperança na recuperação de lesões medulares e pode chegar mais rápido ao SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirmou Padilha.
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A professora Tatiana Sampaio, chefe do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, conduziu a pesquisa nos últimos 25 anos. A produção se baseia no estudo de uma proteína extraída da placenta, a laminina, com potencial de modular células e reorganizar tecidos do sistema nervoso.
“Durante a fase experimental, pacientes lesionados que receberam o medicamento inédito, chamado de polilaminina, recuperaram os movimentos, total ou parcialmente”, completa um informe da instituição de ensino no mês de setembro.
A pesquisa aguardava a liberação da Anvisa para a realização do estudo clínico regulatório mais amplo.
Tratamento da UFRJ recebeu ‘prioridade absoluta’: conheça a polilaminina
De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), lesões que afetam a medula espinhal costumam ter “consequências graves”, como paraplegia, tetraplegia e morte.
Nesse contexto, o uso da polilaminina tem sido utilizado para a regeneração dos axônios (parte dos neurônios) e para permitir o “trânsito” de informações pelo corpo, auxiliando na retomada dos movimentos.
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Um estudo experimental com oito pessoas foi realizado entre 2016 e 2021, em hospitais do Rio de Janeiro. O grupo consistia em vítimas, por exemplo, de acidentes de carro, quedas e ataques por arma de fogo - eles receberam injeções até três dias após se machucarem.
Do total, dois faleceram por condições não relacionadas ao tratamento e seis recuperaram parte dos movimentos.
“Só selecionamos pacientes com lesões completas na medula. A literatura aponta que não mais do que 15% das pessoas com esse diagnóstico recuperam funções motoras”, explica Tatiana Sampaio em comunicado. “No nosso caso, 75% evoluíram da lesão completa para a lesão incompleta com controle motor. Se avaliarmos apenas os que sobreviveram, são 100%”.