O que significa Pssica? Entenda expressão de série da Netflix

A minissérie “Pssica” estreou na Netflix na quarta-feira, 20 de agosto. Situada na Amazônia Atlântica, a trama acompanha três personagens, Janalice, Preá e Marigel, num contexto de violência, desejo e busca por justiça.

Dirigida por Quico Meirelles e baseada no livro de mesmo título por Edyr Augusto, a série conta com quatro episódios de quase uma hora cada. O diretor é filho de Fernando Meirelles, conhecido pela direção de “Cidade de Deus”, de 2002. O pai dirigiu um dos episódios.

“Pssica”: o que significa e de onde vem o termo?

O nome foi dado para simbolizar o enredo da série, em que os personagens dividem a “pssica”, uma presença constante que os assombra e influencia seus caminhos.

A escolha foi importante, também, para ambientalizar ainda mais a trama, que se passa no Pará. “Pssica” é uma “coisa ruim que persegue alguém” entre os significados dados pelos paraenses. 

A palavra teve origem no idioma indígena nheengatu, derivado do tupi antigo. Até o final do século XIX, foi mais falado que o português. Hoje, é possível encontrar falantes do idioma na região do Alto Rio Negro, que abrange o território brasileiro e a região amazônica da Colômbia, sendo um símbolo de resistência.

No dia a dia, a gíria é usada para indicar acontecimentos negativos e inevitáveis. É visto, principalmente, em expressões, como “isso é pssica” ou “estou com pssica”. Alterando o sentido, seria como dizer que “estou com uma má impressão/sensação ruim”.

O termo também se encaixa no contexto de “azar” e “amaldiçoado”, sendo uma outra forma de dizer que “hoje não é meu dia de sorte”.

“Meus textos têm uma aproximação com o falar da rua. Moro numa parte da cidade que tem uma zona de meretrício, eu sou amigo das moças todas, amigo dos traficantes e tal. Eu os ouço falar e coloco nos meus livros porque é uma marca da região”, conta Edyr Augusto.

“Pssica”: contexto do nome na série

Não apenas como um símbolo, a “pssica” também atua como um personagem. Assim como o seu significado, não é só um azar que acompanha, mas que aparece como um ciclo de um sofrimento que parece não ter fim, atormentando os personagens.

O enredo aborda exploração sexual de menores, tráfico humano e violência vividos por Janalice, Preá e Marigel, três desconhecidos que se encontram nas margens do rio Amazonas e se unem pela “maldição de pssica”.

Além da sua nomeação a partir de uma gíria local, a série explora elementos culturais e sociais da região Norte. Um deles é a retratação dos cenários urbanos de Belém, capital do Pará, onde foi gravada.

Outro aspecto bastante paraense que aparece ao longo dos episódios são os cenários e a
luz, já que ela foi toda rodada na região.

“Estamos praticamente debaixo da linha do Equador, isso dá uma diferença em iluminação, em uma série de coisas, e isso faz com que você coloque muita a cara da região. Não fica aquele filme que parece um enlatado, sabe”, opina Edyr.