Cannes 2024: brasileiro 'Baby' estreia na 63ª Semana da Crítica

Marcelo Caetano, diretor de "Corpo Elétrico" (2017), estreia novo filme sob aplausos no Festival de Cannes
Autor Arthur Gadelha
Foto do autor
Arthur Gadelha Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Na manhã desta terça-feira, 21, Cannes recebeu seu segundo filme brasileiro: "Baby", segundo longa-metragem Marcelo Caetano. A sessão, que terminou com longos aplausos, contou com a presença da equipe do filme, de Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, e de Karim Aïnouz, cineasta que estreia seu filme "Motel Destino" amanhã na competição principal.

"Baby" concorre em uma das mostras paralelas do Festival de Cannes, a 63ª edição da Semana da Crítica. Para apresentar o filme, o diretor subiu no palco para celebrar a realização da obra apesar das dificuldades políticas e agradeceu pela oportunidade de estreá-lo no evento francês. "Por sete anos, tivemos um governo que odiava a cultura, odiava os filmes, então foi um inverno muito difícil para nós."

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Leia também | Cannes 2024: filmes sobre Lula e Donald Trump viajam no tempo

A história acompanha a Wellington, jovem de 18 anos que acaba de ser solto da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem), hoje chamada de Fundação Casa, e precisa lidar com seu completo desamparo pelas ruas de São Paulo — abandonado pelos pais, dos quais já não sabe o paradeiro.

Então, ele encontra Ronaldo, um garoto de programa que vê sua condição urbana não muito diferente da dele. Os dois vão se aproximando enquanto tentam sobreviver pelas ruas de São Paulo.

A trama começa a ganhar profundidade na concepção visual e sonora dessa capital que vive a própria condição condenada de uma "metrópole" com vazão às margens das mais diferentes origens. A margem que Ronaldo vive e acaba atraindo o novo garoto é de drogas e prostituição, cenário que dificilmente encontra estabilidade ou garantia de futuro.

Esse cuidado com a concepção da cidade já havia aparecido no filme anterior de Caetano, "Corpo Elétrico", desenhando ao redor desse suspense uma teia coletiva de pessoas que se sustentam no carinho. Em "Baby", o mesmo acontece quando ele também é arrastado para o núcleo familiar do seu amante; de repente, assumido como filho ou sobrinho distante que está de passagem.

Leia também | Cannes 2024: Andrea Arnold emociona com voo dos esquecidos em "Bird"

Caetano conta essa história sem ser tão óbvio, porque filma a cidade em sua prisão e em sua liberdade, permeando a jornada com muito erotismo e até mesmo com humor expansivo, que coloca a esperança ao centro do seu palco. Wellington e Ronaldo, assim como tantos que vivem às margens de uma grande cidade, precisam se acostumar que os desencontros nem sempre precisam ser uma despedida.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar