Cosac Naify volta às atividades oito anos após fechamento

Com novo nome, a editora Cosac Naify retornou às atividades oito anos depois de ter anunciado o fechamento; empresa se destacou por edições de luxo

Depois de ter encerrado as atividades em 2015, a editora Cosac Naify está de volta ao mercado editorial. Desta vez, porém, assume novo nome: apenas Cosac, pois o sócio Michael Naify não está envolvido na nova fase da empresa. Criada em 1997, a Cosac Naify se destacou por publicar edições de luxo e de livros de arte no Brasil.

O retorno oficial ocorre nesta quinta-feira, 23, quando será lançado em São Paulo um livro que reúne obras do pintor goiano Siron Franco presentes na coleção do empresário e colecionador de arte Justo Werlang. A informação da volta da Cosac foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, que também entrevistou o editor e empresário Charles Cosac.

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Desde a fundação da editora foram publicados 1.600 títulos em mais de dez áreas do conhecimento, incluindo arte, literatura e infantojuvenil. Entre as obras lançadas pela Cosac Naify são citados livros como “Clarice, Uma Biografia”, “A Máquina de Fazer Espanhóis”, de Valter Hugo Mãe, e edição comemorativa de “Os Miseráveis”, de Victor Hugo.

Segundo Charles Cosac, esta nova fase, porém, não seguirá “os moldes” do tamanho que alcançou a Cosac Naify. "A Cosac pode crescer, mas não vai ser perto dos moldes que foi a Cosac Naify. Não quero criar outro monstro que eu tenha medo. Quando vi, a gente estava com 120 funcionários. Era uma responsabilidade enorme nas minhas costas", afirmou à Folha de São Paulo.

Novos livros

A previsão é de que sejam publicados em 2024 livros sobre o pintor Daniel Senise e sobre o escultor José Resende. O primeiro lançamento de luxo da Cosac será “Florindas”, previsto para sair em janeiro. A caixa com dois volumes trata sobre joias afrobrasileiras na Bahia dos séculos 18 e 19 e reúne textos de Lilia Schwarcz, Mary Del Priore, Pedro Corrêa do Lago e outras personalidades.

Um dos livros da caixa narra a história de Florinda Anna do Nascimento, alforriada conhecida pelos anéis, colares e pulseiras que usava. O outro volume destaca sua joalheria, contextualizando as “joias de crioula” - o termo era usado para se referir a acessórios utilizados por mulheres escravizadas. Cosac prefere utilizar a expressão “joias baianas”.

O retorno após o encerramento

A Cosac Naify se notabilizou pelo olhar dedicado ao design das edições junto com o cuidado do conteúdo das obras. Na época do anúncio do fechamento da editora, Charles Cosac disse que ela estava se “descaracterizando”. “Ao meu ver, uma editora deve existir exclusivamente para alimentar um projeto cultural e quando eu senti o projeto Cosac Naify ameaçado, julguei que seria o momento correto para cessarmos nossas atividades”, disse em carta aos leitores.

Todos os funcionários foram demitidos e o fechamento da editora chocou o mercado editorial por ter ocorrido de forma inesperada. Hoje, o desejo de Charles Cosac é formar uma equipe para trabalhar presencialmente em uma sala comercial no mesmo prédio da Cosac Naify. Atualmente com 60 anos de idade, ele pretende editar livros até seus 80 anos.

O empresário também quer resgatar alguns dos títulos da Cosac Naify e voltar a publicá-los, como uma série de ensaios do pesquisador de cinema Ismail Xavier. Além disso, deseja publicar livros acadêmicos que editoras de universidades não conseguem lançar. Charles Cosac destaca que não quer seguir o ritmo de antes.

"Não acompanho e não quero acompanhar o mercado editorial. Quero tratar com pouquíssimas livrarias e a Amazon. Eu não estou fazendo esses livros para me sustentar. Se der alguma coisa, vai ser prejuízo. Então posso me dar ao luxo de não ficar ligado no mercado”, afirma.

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