Lollapalooza Brasil 2023 usa trabalhadores em situação de escravidão

Trabalhadores são escravizados durante Lollapalooza Brasil 2023; os funcionários eram obrigados a dormirem em papelões no Autódromo de Interlagos. T4F e empresa terceirizada serão obrigadas a indenizar em R$ 10 mil

Marcado para ocorrer neste final de semana em São Paulo, o Lollapalooza Brasil 2023 foi flagrado submetendo os trabalhadores em situações análogas à escravidão. A situação foi registrada na terça-feira, 21, após uma fiscalização realizada pelo Ministério Público do Trabalho no Autódromo de Interlagos, local onde será realizado o festival de música.

Na ocasião, cinco homens trabalhavam como carregadores de bebidas, em jornadas que duravam 12 horas. Conforme divulgado pela Carta Capital, os trabalhadores informais tinham entre 22 e 29 anos de idade e atuavam sem registros trabalhistas obrigatórios.

“Depois de levar engradados e caixas pra lá e pra cá, a gente ainda era obrigado pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga”, compartilhou um dos funcionários resgatados.

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Segundo Rafael Brisque Neiva, auditor fiscal que participou da operação realizada pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, os trabalhadores dormiam no espaço do Autódromo, instalados em uma tenda aberta e no chão, sem receber utensílios de higiene e equipamentos de proteção.

Trabalhadores são escravizados durante Lollapalooza Brasil 2023
Trabalhadores são escravizados durante Lollapalooza Brasil 2023 (Foto: Ministério do Trabalho e Emprego/Divulgação)

Lollapalooza Brasil 2023: trabalhadores escravizados eram contratados por terceirizada

Em comunicado divulgado pela Time 4 Fun (T4F), empresa que realiza o Lollapalooza, os cinco trabalhadores eram contratados pela Yellow Stripe, uma empresa terceirizada responsável pela operação de alimentos e bebidas no evento.

“Nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe, que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F”, relata a nota.

A T4F informou que encerrou “imediatamente” o contrato com a Yellow Stripe e considerou a situação como um “fato isolado”. Ambas as empresas serão obrigadas a ressarcir financeiramente cada funcionário em, aproximadamente, R$10 mil, pelo salário, verbas rescisórias e horas extras.

“Nós não temos nenhuma dúvida de que a T4F foi omissa e faltou com a devida diligência no seu dever legal de fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista por parte da contratada”, afirmou Rafael Augusto Vido da Silva, inspetor que também participou da ação de resgate.

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