Mausoléu da ABL sofre com infiltração e fotos mostram degradação

No mausoléu, estão os túmulos de intelectuais como Machado de Assis; o ambiente enfrenta infiltração no teto e imagens demonstram o nível de degradação

Lugar que acolhe os restos mortais de personalidades de grande valor para a cultura brasileira, o mausoléu da Academia Brasileira de Letras (ABL) encontra-se em estado de evidente deterioração. Infiltrações, poeira, mofo, túmulos sem lápides ou até com os nomes errados são observados no espaço localizado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro (RJ).

No mausoléu, estão os túmulos de intelectuais como Ferreira Gullar, Otto Lara Resende, Guimarães Rosa e Machado de Assis. Entretanto, até mesmo no caso do escritor de “Dom Casmurro” e fundador da ABL as condições não são adequadas: há infiltrações no teto, que também ameaça desabar. As informações e as fotos foram colhidas pelo jornalista Cleo Guimarães, do portal F5, da Folha de São Paulo.

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Esses, porém, são “apenas” os problemas mais recentes constatados. Em 2020, Thomas Giuliano Ferreira dos Santos, pós-graduado em Literatura Brasileira e especialista na obra de Machado de Assis, recebeu fotos do túmulo do carioca e viu que faltavam letras no nome do escritor, no nome de Carolina (sua mulher) e na biografia de ambos.

A infiltração no teto, naquele período, ainda não havia chegado. O pós-graduado denunciou o descaso nas redes sociais e a pressão levou os imortais a consertarem o problema. Entretanto, o túmulo de Machado de Assis não foi o único a sofrer com problemas na identificação.

A escritora Nélida Piñon, primeira mulher presidente da ABL, faleceu em dezembro de 2022 e chegou a ser sepultada com o nome de outra pessoa: o de Lêda Boechat Rodrigues, viúva do historiador e acadêmico José Honório Rodrigues, morto em 1987. Assistente pessoal de Piñon e responsável legal pelo acervo e patrimônio da autora, Karla Vasconcelos ficou indignada com a situação.

“Me segurei para não fazer um escândalo na hora do enterro, mas depois quebrou o pau internamente”, disse ao F5. A lápide errada foi retirada, mas ainda não há placa com o nome da escritora em seu caixão.

A resposta da ABL

De acordo com o jornalista Merval Pereira, presidente da ABL, o mausoléu da instituição está sendo reformado a fim de reparar os problemas relatados e a restauração já está em execução. O profissional atribui o estado atual do ambiente “ao longo tempo em que, durante a pandemia, sua manutenção deixou a desejar”.

Segundo Pereira, o túmulo de Nélida Piñon em breve terá uma placa com a identificação correta. Ele também alegou não ter sido procurado por Karla Vasconcelos para tratar do assunto: "Soube do seu incômodo com a falta do nome na lápide do túmulo da Nélida através de um acadêmico, e determinei que fosse colocado o mais rápido possível. Com o Carnaval, houve um atraso, mas o nome deve estar lá até o dia 2 de março, quando a ABL realizará a Sessão da Saudade em sua homenagem".

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