Coluna Vanessa Passos: A escrita me ensinou a não ter pressa

A escrita me ensinou muitas coisas. Uma delas foi não ter pressa. Me ensinou também a me divertir em cada processo

Neste começo de ano, fiz uma retrospectiva da minha vida. Tudo nela sempre foi muito acelerado. Comecei a ler aos 4 anos. Entrei na universidade com 16. Aos 21, fiz colação de grau especial para assumir o concurso como professora efetiva do Estado. Me tornei mãe aos 18 anos. Pedi exoneração para viver de literatura na pandemia, aos 27. Sou pós-doutora em Escrita Criativa antes dos 30 e tenho 5 livros publicados. Um verdadeiro avalanche, não posso negar.

Mas se tem algo que precisa de tempo, é a escrita de um romance. Muitas vezes, esse tempo de elaboração começa muito antes da escrita. "A filha primitiva", meu romance vencedor do Prêmio Kindle de Literatura e do Prêmio Jacarandá, levou 4 anos para ser finalizado, considerando sua escrita e suas reescritas (11 versões e 4 leituras críticas).

Sempre que me perguntam pelo novo romance, que está na 6° versão, respondo sem titubear: calma, gente. A ideia do livro eu tive antes mesmo do primeiro romance. Mas era um tema que precisava de tempo para amadurecer dentro de mim.

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A escrita me ensinou muitas coisas. Uma delas foi não ter pressa. Me ensinou também a me divertir em cada processo: a pensar na história que eu quero contar, a criar personagens, a reescrever infinitas vezes (fazendo minhas legendas de cores).

A escrita me ensinou ainda que, por mais que eu planeje o livro (e eu sou uma escritora que planeja), não há como fugir do espanto da criação. Há coisas que só se descobrem escrevendo… e vivendo.

A vida, o cotidiano, é um solo fértil para ficção. E escrever ficção é olhar para além do que se vê e se escuta, com calma, na contramão do que nosso mundo globalizado e imerso nas redes sociais propõe. Sem dúvidas, a escrita me ensinou a não ter pressa. E por isso mesmo, a viver mais intensamente com a certeza de que, assim, observando a paisagem e dando tempo ao tempo, posso escrever melhor.

Leia Também | Confira a coluna anterior de Vanessa Passos: Toda ficção é autobiográfica e toda autobiografia é ficcional

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