"Nunca nos curvaremos ao racismo", diz Seu Jorge após ataques em Porto Alegre

Seu Jorge foi insultado por parte da plateia que acompanhava seu show em um clube em Porto Alegre (RS); cantor defendeu a importância de lutar contra o racismo

 O cantor e ator carioca Seu Jorge se pronunciou na manhã desta terça-feira, 18, sobre os ataques racistas sofridos durante uma apresentação em um clube de Porto Alegre (RS). Em seu perfil no Instagram, o artista publicou um vídeo de nove minutos em que contextualiza o episódio e se posiciona fortemente contra o racismo.

“Nunca nos curvaremos ao racismo e à intolerância, seja ela qual for. Não cederemos um milímetro sequer ao ódio e combateremos e cobraremos das autoridades que a justiça prevaleça e que os criminosos sejam devidamente punidos”, afirmou ao longo do vídeo.

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Antes dessa fala, Seu Jorge repassou os acontecimentos para seus seguidores. Ele disse que estava empolgado para o show, pois finalmente havia retornado à capital gaúcha com sua banda após muito tempo. O cantor pontuou que a apresentação era reservada apenas para os sócios do clube Grêmio Naútico União, e destacou que não percebeu nenhuma pessoa negra no jantar para além dos funcionários que serviam os presentes.

Seu Jorge revelou que soube posteriormente que esses trabalhadores haviam sido proibidos de “olhar ou falar” com ele. O artista, entretanto, abraçou e conversou com todos ao final do seu show. A apresentação, por sinal, foi encerrada antes do previsto. O músico discursou contra a redução da maioridade penal e saiu em defesa de jovens negros de comunidades periféricas. Além disso, convidou um jovem negro para tocar cavaco no palco.

Os ataques racistas

Depois dessas manifestações, parte da plateia gritou termos como “vagabundo” e “safado”, além de imitar macacos quando retornou para se despedir do público. “Não reconheci a cidade que eu aprendi a amar e respeita. Não era a cidade que eu conheci, dos inúmeros shows com bandas amigas, como O Rappa e Planet Hemp”, destacou no vídeo.

Ele acrescentou: “O que eu presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista. Quero agradecer o carinho que recebi de toda a gente de Porto Alegre que se sensibilizou e me mandou mensagens de apoio e repúdio ao comportamento de alguns do clube”. Seu Jorge também reforçou a importância da luta contra o racismo.

“Estamos mais unidos do que nunca e vamos vencer essa guerra que segrega o nosso povo à miséria e à falta de oportunidades no Brasil, que mata e maltrata nossos filhos, sobrinhos, primos, primas, irmãos e irmãs todos os dias. Estaremos na luta juntos denunciando e combatendo todo tipo de tipificação da nossa gente e respondendo com excelência, preparo, coragem, sabedoria e diplomacia”, enfatizou.

“Conclamo a grande nação afro-brasileira a se integrar aos movimentos sociais brasileiros que existem mais próximos da sua cidade com o intuito de sair em defesa de nossos direitos, de expressar nossa cultura, o direito de existir, de realizar nossos sonhos e nossos projetos. Vamos vencer essa guerra de uma vez por todas. Só não venceremos se não unirmos nosso povo. Vamos proteger a nossa juventude negra que está sendo dizimada todos os dias pelo aparelho do ódio e na maioria das vezes com a conveniência do Estado, que oprime, humilha e violenta as favelas e as comunidades carentes de todo o brasil”, alertou.

A resposta do clube

O Grêmio Náutico União havia publicado uma nota declarando que a associação repudia “qualquer ato de discriminação” e que estava apurando internamente os fatos ocorridos na última sexta-feira, 14. “Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação", diz a nota.

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