Kley Tarcitano fala de trabalhos com Anitta e organização de shows mundiais

Aos 37 anos, o brasileiro e diretor artístico Kley Tarcitano já soma em seu currículo a organização de grandes espetáculos, como Grammy Latino, Super Bowl e Coachella, além de trabalhos realizados para Britney Spears, Jennifer Lopez, Anitta e J Balvin.

Apaixonado pela música e por shows desde a infância, ele pedia à mãe caixas de sapato para produzir proscênio de palcos e se divertia montando cenários com Lego. Tendo recentemente acompanhado a cantora Anitta em sua apresentação no Lollapalooza Paris, no sábado, 16 de julho, Kley comenta em entrevista ao Vida&Arte sobre o trabalho com a dona do hit “Envolver”.

“Muita gente me pergunta como é trabalhar com artistas brasileiros, já que venho trabalhando mais com internacionais, e eu digo que a Anitta é exatamente igual. Ela tem um profissionalismo fora de sério, ela precisa saber como está desde a unha do bailarino até o cenário, e nos damos muito bem por isso, somos dois detalhistas. E é por ser assim que a carreira dela é tão incrível. É por isso que ela é global”, afirma Kley.

O pontapé inicial da carreira de Tarcitano foi sua ida aos Estados Unidos para se familiarizar com o local e estudar a língua inglesa. Ao retornar para o Brasil, Kley começou trabalhos nos quais precisava aparecer nas câmeras, como publicidade e figuração. Em 2009, o artista foi para a Flórida como uma tentativa de se mostrar mais para o mercado. Assim conseguiu trabalhos em grandes filmes.

“Comecei a trabalhar na frente das câmeras — fiz figuração, participei como ator de vários projetos, até de 'Homem de Ferro 3' — para conhecer as pessoas por trás das câmeras. Conheci muita gente e foi quando me tornei assistente de produção do 'American Idol'. Quatro meses depois, me tornei produtor associado do show”, conta.

Hoje, dividindo-se principalmente entre Miami e Los Angeles, Kley fala sobre a rotina e as funções de um diretor artístico. Dentre elas, estão acordar bem cedo e realizar trabalhos com muitos detalhes que fazem a diferença. “A gente senta, olha e escuta o show inteiro. Vê onde as luzes vão piscar e em qual momento. Além de toda a sintonia que o show tem que apresentar, entre o telão, o cenário, a roupa do artista e os objetos em cena. O pessoal não faz ideia, mas é muito cabo pra dar conta”, diz ele, aos risos.

Complexidade artística 

Falando da complexidade de suas tarefas, Kley ressalta que o trabalho é feito em equipe e, dependendo do artista, podem surgir sugestões tanto dele quanto do empresário. “O Super Bowl tem um designer, o nome dele é Bruce Rodgers, e ele é designer do evento há 30 anos. E cada artista que se apresenta também leva o seu próprio designer. Foi assim no caso da Jennifer Lopez, já que sou o designer dela. Foi um prazer, pra mim, fazer parte de um show desse, porque é algo que tem uma escala gigantesca. Só para colocar o palco no campo são necessárias 1.200 pessoas. Então, realmente foi incrível fazer parte disso”, ressalta.

Como uma curiosidade, Kley conta que, no show de Jennifer Lopez, ela saiu de uma rosa enorme no palco. Então, ele decidiu perfumar todo o objeto para que a artista sentisse emoções verdadeiras.

Questionado sobre suas principais referências e formas de pesquisa, o profissional cita Mark Fischer como uma grande inspiração e acrescenta que seu trabalho é guiado, principalmente, pela música.

“Eu tento ter o meu processo o mais isolado possível. Eu não gosto de ver fotos quando estou criando, gosto de pensar e olhar na minha mente o que está passando. Mas realmente a música é capaz de aflorar toda a minha criatividade”, finaliza.

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