Hollywood revive as esperanças da indústria cinematográfica grega

O filme "The Enforcer" é uma das filmagens planejadas na Grécia neste verão após a retomada da atividade cinematográfica e o desconfinamento iniciado em maio

Um homem atravessa uma rua movimentada de Miami ao lado de dois policiais e uma multidão. Ele não é outro senão o ator espanhol Antonio Banderas e não está em Miami, mas em Tessalônica, no norte da Grécia, onde a produtora Millenium Media grava seu último filme de ação.

O filme "The Enforcer" é uma das filmagens planejadas na Grécia neste verão após a retomada da atividade cinematográfica e o desconfinamento iniciado em maio. A lista inclui um longa com o ator britânico Daniel Craig, uma sequência do sucesso de Rian Johnson, "Knives Out".

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Disney+ já filmou cenas em Atenas para "Greek Freak", sobre os primeiros anos de Giannis Antetokounmpo, filho de imigrantes nigerianos que se tornou uma estrela do basquete. A Netflix também usa o lugar como cenário para "Beckett", um thriller com John David Washington, filho de Denzel Washington.

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O produtor grego Panos Papahadzis vê esse entusiasmo pela Grécia como um teste para a indústria local depois de anos de estagnação. "Há 20 anos pedimos ao Estado (...) que tornasse a Grécia um país atraente para o cinema", disse Papahadzis à AFP.

"Nunca houve tantas produções filmadas simultaneamente na história do cinema grego", disse Vasiliki Diagouma, chefe de relações públicas do Centro Nacional Grego para Audiovisual e Comunicação (Ekome). Em 2017, o governo grego aprovou uma lei para atrair produções estrangeiras com subsídios.

Os filmes, séries de televisão, documentários, animações e jogos estrangeiros realizados em território grego agora terão um reembolso de 40% das suas despesas, em particular com transporte, combustível e casting.

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O sistema demorou a funcionar mas, nos últimos anos, cerca de 150 projetos, incluindo mais de 70 produções internacionais, se beneficiaram de um investimento superior a 180 milhões de euros (216 milhões de dólares), segundo a Ekome.

Mão de obra barata

Nem tudo é ideal. O sindicato grego de técnicos de cinema e televisão disse, em uma carta aberta em junho, que o filme com Antonio Banderas, produzido pelos estúdios Nu Boyana, de propriedade da Millenium, deixaria lucros "mínimos" na Grécia. "Nem um único técnico cinematográfico profissional pagador de impostos na Grécia trabalhou no filme", reclamou o sindicato.

O diário liberal Kathimerini também relatou que "quase todos os empregos especializados" no filme foram preenchidos por "trabalhadores baratos dos Bálcãs". Diante disso, Vasiliki Diagouma afirmou que esses projetos “deixam não só dinheiro, mas também conhecimento, boa cooperação e contatos profissionais”.

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Alexandros Logothetis, um ator que acaba de rodar uma série de televisão na Irlanda, notou as grandes diferenças com a situação na Grécia. "Quase toda a equipe de filmagem era irlandesa, enquanto no filme com Antonio Banderas em Tessalônica, as equipes vieram do exterior (...). Deveria haver cotas específicas para a mão de obra grega", disse ele. (John Hadoulis e Sakis Mitrolidis/ AFP)

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