Doramas: um mergulho na febre dos dramas asiáticos

Sucesso de audiência nas plataformas de streaming, doramas conquistam lugar no coração do público

A popularidade crescente dos chamados "doramas", produções audiovisuais asiáticas, tem feito muitas pessoas começarem a consumir essas obras. O protagonismo asiático — sobretudo o coreano — nas áreas da música e do cinema deu espaço para que essas sociedades, mesmo não nutrindo tantas semelhanças com a ocidental, despertem a curiosidade do público. A partir dos anos 1990, a hallyu ou "onda coreana" tratou de difundir a cultura coreana ao redor do mundo. Mas, além da hallyu, o que está por trás do sucesso dos dramas coreanos?

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A palavra "dorama" faz referência à pronúncia da palavra "drama" em japonês. Ao contrário do que muitos pensam, os doramas não estão associados a um único país asiático, mas a todos os que produzem esse tipo de programa. Um exemplo disso é a existência de uma grande quantidade de doramas coreanos, japoneses, chineses, tailandeses... Outro equívoco comum é chamar dorama de "novela asiática": quando observamos a estrutura de um dorama e os temas abordados nele, a semelhança é maior com o que conhecemos como série.

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Esse formato de produção oriental possui um enredo (início, meio e fim) dividido, geralmente, em 16 episódios com foco num núcleo principal de personagens — diferente das nossas novelas, que costumam ter vários núcleos. Na maioria das vezes, os dramas possuem apenas uma temporada e episódios que são lançados semanalmente. Existem doramas para todos os gostos e que tratam de diferentes temáticas, mas a comédia romântica é o gênero mais comum nessas produções.

Formado em História e Literatura Coreana com especialização em Dinastia Joseon (1392-1910), o coreano Jimmy Park aborda a inserção desses elementos históricos e culturais em doramas por meio de seu perfil no Instagram (@jimmythehistorian). Questionado a respeito da popularidade dessas produções ao redor do mundo, ele afirma que, além da influência da fama de celebridades coreanas como BTS, Blackpink e Song Joong-Ki, a sensibilidade é a característica que tornou os doramas tão conhecidos. "Os k-dramas expressam muito bem as emoções humanas. As pessoas simpatizam com as emoções dos personagens. Independentemente da diferença cultural e da barreira do idioma, as pessoas podem sentir o que os personagens sentem. K-dramas capturam pequenos momentos que representam verdadeiras histórias de vida. Às vezes, não é fácil para as pessoas falarem com o coração, mas k-dramas fazem isso por você", explica.

"Consumo colonizado"

Eduarda Porfírio é estudante de jornalismo, criadora de conteúdo e proprietária do blog "Reflexões de uma Desocupada", em que veicula indicações de várias séries, incluindo doramas. Ela conta que seu primeiro contato com as produções asiáticas foi em 2018, quando estava no terceiro semestre da faculdade. "Uma amiga começou a ver 'Something in the Rain' porque a Netflix recomendou. Ela me indicou, eu comecei a ver e gostei, por ter uma narrativa diferente das comédias românticas estadunidenses", narra.

Para Eduarda, além dos doramas servirem como uma válvula de escape em meio ao período de isolamento social, eles permitem conhecer mais sobre a cultura sul-coreana — de modo a entender como se desdobram problemáticas sociais como racismo, sexismo e padrões de beleza numa sociedade diferente da brasileira. A estudante comenta ainda sobre o estigma imposto às produções asiáticas: "A gente ainda tem essa ideia de que o que vem dos Estados Unidos e da Europa é melhor. Vemos isso na música também. Nosso consumo é muito colonizado".

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Para celebrar o sucesso de audiência das produções asiáticas, a Netflix resolveu investir mais de 600 milhões de dólares em obras coreanas neste ano. Publicações feitas pelos perfis da plataforma em redes sociais acerca do assunto, antes quase inexistentes, agora são comuns.

A arquiteta e urbanista Ana Paula Rodrigues relata que assiste mais produções orientais do que ocidentais. "Depois que acostumei com a sonoridade da língua, passei a gostar muito mais dos dramas coreanos, porque tendiam a ser menos machistas que os japoneses. Um caminho sem volta realmente para as românticas incuráveis! Como são produções muito bem feitas em sua maioria, quando as pessoas deixam para trás suas barreiras tanto com a língua quanto com a cultura, elas conseguem reconhecer a beleza por trás dessas criações", acredita. Paula possui um perfil no Instagram (@ohayo.asia) voltado para disseminação de cultura asiática.

Segundo ela, a pandemia favoreceu esse consumo, cujas proporções estão indo além do esperado.

 


No Ceará, a presença da cultura coreana é sentida com a realização de eventos como o Sana, que reúne um público interessado em cultura asiática; abertura de restaurantes como o Kpop&Food; e surgimento de cursos de línguas asiáticas pela Capital.

Iago Filipi, graduado em Sistema e Mídias Digitais, Publicidade e aluno de Mestrado em Comunicação da Universidade Federal do Ceará, pontua que esse fenômeno começou com a cultura japonesa. "Com a chegada da Internet, todo mundo tem acesso às informações de outros países. Uma cultura que eu vejo que fez mais sucesso inicialmente, foi a cultura japonesa, que chegou por meio da televisão", explica. Iago destaca que, apesar da cultura japonesa ainda ser popular no Ceará, a coreana tem tido mais visibilidade nos últimos anos.

Confira as indicações de doramas clássicos e atuais
Responde 1988
Lançamento: 2015
Elenco: Park Bo-gum, Lee Hye-ri, Ryu Jun-yeol, Go Kyung-pyo
Onde assistir: Netflix, Viki Rakuten

Globlin
Lançamento: 2016
Elenco: Kim Go-eun, Gong Yoo, Lee Dong-wook
Onde assistir: Viki Rakuten

Itaewon Class
Lançamento: 2020
Elenco: Park Seo-joon, Kim Da-mi, Kwon Na-ra
Onde assistir: Netflix

Tudo bem não ser normal
Lançamento: 2020
Elenco: Seo Ye-ji, Kim Soo-hyun
Onde assistir: Netflix

Vincenzo
Lançamento: 2021
Elenco: Song Joong-ki, Jeon Yeo-been, Ok Taec-yeon
Onde assistir: Netflix

Mr. Queen
Lançamento: 2020
Elenco: Shin Hye-sun, Kim Jung-hyun
Onde assistir: Viki Rakuten

Flor do Mal
Lançamento: 2020
Elenco: Lee Joon-gi, Moon Chae-won, Kim Ji-hoon
Onde assistir: Viki Rakuten

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