Logo O POVO+

Jornalismo, cultura e histórias em um só multistreaming.

Participamos do

O Oscar da humildade

A noite do Oscar 2020 foi marcada por uma grande surpresa. Finalmente uma produção estrangeira foi aceita como o melhor dentre todos. "Parasita", da Coreia do Sul, levou os principais prêmios da festa
10:09 | Fev. 10, 2020
Autor PH Santos
Foto do autor
PH Santos Autor
Ver perfil do autor
Tipo Analise

Tenhamos em mente que o Oscar foi criado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, nos Estados Unidos, para premiar não o mundo do cinema, mas Hollywood, o próprio cinema de lá. Não à toa, tantos filmes que falam sobre a própria Casa ganham muita atenção dessa premiação. Porém, vimos história e, em 2020, a Academia deu o Oscar de Melhor Filme ao sul-coreano “Parasita”.

Apostar em “1917” (que, apesar de britânico, a Academia finge que é norte-americano) era o óbvio e o simples. Apostar em “Parasita” era o necessário. O filme escancara as diferenças sociais e os males que isso provoca, deixando de ser uma produção de um país e passando a ser universal. “Parasita” está em todos os lugares, inclusive aqui, com o filme “Que Horas Ela Volta?”.

Leia também | Sul-coreano "Parasita" é o grande vencedor do Oscar 2020

"Democracia em Vertigem" é desbancado por filme produzido pelo casal Obama no Oscar

Um rompedor por natureza ao ganhar vários prêmios aos quais foi indicado, “Parasita” rompeu uma hegemonia entrando na casa alheia e sentando no melhor lugar. Se, em 2019, o mexicano “Roma” já deveria ter ganho, bem como tantos outros “estrangeiros” que por ali passaram, foi o diretor Bong Joon-ho quem quebrou a banca.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine


A Academia parecia encurralada. Nos últimos anos, vários mexicanos ganharam o Oscar de direção: Guillermo del Toro (“A Forma da Água”), Alfonso Cuarón (“Roma” e “Gravidade”) e Alejandro Iñárritu (“Birdman” e “O Regresso”); além de Taiwan com Ang Lee (“A Vida de Pi” e “Brokeback Mountain”) e finalmente a França com Michel Hazanavicius (“O Artista”). Mas nada de melhor filme, isso não. Até chegar o simpático Bong Joon-ho, diretor de “Parasita”, e se mostrar merecedor logo quando subiu para buscar o primeiro prêmio, o de roteiro original.

O sul-coreano subiu as escadarias e recebeu a estatueta dourada do Oscar. Ele pegou o objeto, olhou, revirou, olhou de novo. Parecia uma criança admirando humildemente um brinquedo desejado por anos. Depois, subiu para buscar o prêmio de Melhor Filme Internacional, que era barbada, e ao final disse que agora estava livre para beber “uns bons drinks” - ele achava que seria seu último Oscar daquela noite. Não foi. Subiu novamente, agora, por Melhor Direção, e enalteceu a cada um dos diretores concorrentes, mas especialmente Martin Scorsese (“O Irlandês”) a quem praticamente dedicou sua carreira. “Quando eu era jovem e estudava cinema, tinha uma frase que dizia: ‘o mais pessoal é o mais criativo’, essa frase é do Martin Scorsese”, disse Bong Joon- ho, fazendo a platéia aplaudir de pé.

Confira o trailer de "Parasita"

O tom humilde do diretor de cabelo desalinhado e jeito enérgico trouxe novamente mais um clímax para a noite. De novo enganado, disse que agora sim poderia beber para comemorar. Ainda não era o momento, pois ele voltou ao palco, agora para o grande prêmio, o de Melhor Filme. Nessa última subida não falou, falaram sobre ele e por ele, porém, o mais importante é ver que finalmente a Academia também já havia falado e, em um raro rompante de humildade, disse: tomem, estrangeiros, esse é de vocês. “Parasita”, que aborda os desequilíbrios sociais em seu texto, criou a melhor peça de metalinguagem do Oscar. O destoante ganhou a noite. 

Outras notinhas

Na categoria Melhor Ator, Joaquin Phoenix fez discurso forte e orientou que todos ali eram iguais e deveriam se ver dessa maneira. Terminou o discurso citando uma música feita pelo seu irmão River Phoenix, ator de “Conta Comigo” ,que morreu aos 23 anos: “corra em direção ao amor que a paz seguirá”, dizia a letra.

Na categoria Melhor Trilha Sonora, o discurso de Hildur Guðnadóttir, ganhadora por “Coringa”, foi forte, dedicando o prêmio para as meninas, as mulheres e as mães que escutam a música dentro de si mesmas. Ela pediu que “Por favor, nos faça ouvir suas vozes".

“1917” não levou Melhor Filme e nem Direção, mas arrastou três prêmios técnicos: Fotografia, Mixagem de Som e Efeitos Visuais. O primor do filme foi agraciado com o que ele tem de melhor. Pena que não foi indicado para Montagem, não só merecia a menção como também ganhar a categoria.

Quentin Tarantino, que geralmente ganha roteiro, saiu de mãos vazias. Nem Direção, nem Roteiro Original. “Era Uma Vez em... Hollywood” ganhou apenas Ator Coadjuvante (Brad Pitt) e Direção de Arte.

Veja a lista de vencedores:

Melhor filme
Parasita
O Irlandês
Adoráveis Mulheres
Era Uma Vez em… Hollywood
História de um Casamento
1917
Coringa
Ford vs Ferrari
Jojo Rabbit

Melhor atriz
Renée Zellweger, por Judy – Muito além do Arco-Íris
Saoirse Ronan, por Adoráveis Mulheres
Charlize Theron, por O Escândalo
Scarlett Johansson, por História de um Casamento
Cynthia Erivo, por Harriet

Melhor ator
Joaquin Phoenix, por Coringa
Antonio Banderas, por Dor e Glória
Leonardo DiCaprio, por Era Uma Vez em… Hollywood
Adam Driver, por História de um Casamento
Jonathan Pryce, por Dois Papas

Diretor
Bong Joon-Ho, por Parasita
Martin Scorsese, por O Irlandês
Sam Mendes, por 1917
Todd Phillips, por Coringa
Quentin Tarantino, por Era Uma Vez em… Hollywood

Melhor ator coadjuvante
Brad Pitt, por Era Uma Vez em… Hollywood
Joe Pesci, por O Irlandês
Al Pacino, por O Irlandês
Anthony Hopkins, por Dois Papas
Tom Hanks, por Um Lindo Dia na Vizinhança

Melhor atriz coadjuvante
Laura Dern, por História de um Casamento
Scarlett Johansson, por Jojo Rabbit
Florence Pugh, por Adoráveis Mulheres
Margot Robbie, por O Escândalo
Kathy Bates, por O Caso Richard Jewell

Melhor filme estrangeiro
Parasita (Coreia do Sul)
Corpus Christi (Polônia)
Honeyland (Macedônia do Norte)
Os Miseráveis (França)
Dor e Glória (Espanha)

Roteiro original
Parasita
Entre Facas e Segredos
História de um Casamento
1917
Era Uma Vez em… Hollywood

Roteiro adaptado
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
Dois Papas
O Irlandês

Documentário
Indústria Americana
The Cave
Democracia em Vertigem
Honeyland
For Sama

Animação
Toy Story 4
Como Treinar o Seu Dragão 3
Perdi Meu Corpo
Klaus
Link Perdido

Canção Original
(I’m Gonna) Love Me Again, Elton John por Rocketman
I Can’t Let You Throw Yourself Away, por Toy Story 4
Into The Unknown, por Frozen 2
I’m Standing With You, por Superação – O Milagre da Fé
Stand Up, por Harriet

Fotografia
1917
O Irlandês
O Farol
Coringa
Era Uma Vez em… Hollywood

Direção de arte
Era Uma Vez em… Hollywood
1917
O Irlandês
Jojo Rabbit
Parasita

Trilha sonora original
Coringa
Adoráveis Mulheres
História de Um Casamento
1917
Star Wars: A Ascensão Skywalker

Figurino
Adoráveis Mulheres
O Irlandês
Jojo Rabbit
Era Uma Vez em… Hollywood
Coringa

Maquiagem e Penteado
O Escândalo
Malévola: Dona do Mal
1917
Coringa
Judy: Muito Além do Arco-Íris

Efeitos Visuais
1917
Vingadores: Ultimato
O Irlandês
O Rei Leão
Star Wars: A Ascensão Skywalker

Edição de som
Ford Vs Ferrari
1917
Coringa
Star Wars: A Ascensão Skywalker
Era Uma Vez em… Hollywood

Mixagem de Som
1917
Ad Astra
Ford Vs Ferrari
Coringa
Era Uma Vez em… Hollywood

Montagem
Ford vs Ferrari
O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Parasita

Animação em curta-metragem
Hair Love
Dcera (Daughter)
Kitbull
Memorable
Sister

Curta-metragem
The Neighbors’ Window
Brotherhood
Nefta Footbal Club
Saria
A Sister

Documentário de curta-metragem
Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl)
Lifeovertakesme
St. Louis Superman
Walk Run Cha-Cha
In the Absence

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar