Homenagem a Antonio e Camila Pitanga em Tiradentes celebra cultura e coletividade

Encontro geracional, encontro pessoal, encontro artístico, encontro cultural. Antonio e Camila Pitanga, pai e filha, ator e atriz, despontam como nomes e rostos simbólicos na arte brasileira de seus tempos - que, ao mesmo tempo que intimamente ligados à ancestralidade, são hoje. Sob o tema "A imaginação como potência", a 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes jogou luz nos dois intérpretes homenageados nos primeiros dias do evento mineiro. Na abertura, na noite de sexta, 24, foi exibido o filme "Os Escravos de Jó", do cearense Rosemberg Cariry, que tem Antonio Pitanga no elenco.

Antes da exibição, ocorreu a entrega dos troféus Barroco aos dois, num momento que misturou a intimidade de uma família - estavam presentes também as filhas e a namorada de Camila e a esposa de Antonio, Benedita da Silva - com a coletividade que ambos emanaram. Como mencionou Pitanga, quem estava sendo homenageado não era ele enquanto indivíduo, mas toda uma linhagem anterior de antepassados, parceiros e artistas que procuraram recontar a história do Brasil. "Temos que pensar nossa existência numa dimensão mais coletiva", ecoou Camila.

Junto à força do coletivo, reside também a força da resistência - que não é de hoje, reforçaram pai e filha. Nesse jogo, o papel da cultura destaca-se como essencial. "A cultura e a arte tem a vocação de ampliar os olhares, estranhar, cultivar novas perspectivas", sublinhou a atriz. "A cultura está de pé por vocês, pela presença de vocês", reconheceu junto ao público o ator.

Já na tarde deste sábado, 25, os Pitanga participaram de conversa com o público que reviu as trajetórias de ambos. Após o momento, dedicaram-se a uma coletiva de imprensa com os jornalistas presentes. Interessados nos interlocutores e atentos às questões, reforçaram, mais uma vez, a importância do coletivo na cultura.

Antonio dividiu que, neste 2020, finalmente começará a concretizar o projeto "Malês", ao qual se dedica há 10 anos. Focado na revolta dos Malês, o longa dirigido pelo ator terá filmagens no recôncavo baiano e conta no elenco com nomes como Camila Pitanga, Rocco Pitanga, Taís Araújo e Lázaro Ramos. "Se a cultura fosse um projeto de governo, essa história já teria sido contada", instigou, ressaltando a invisibilidade histórica do movimento na educação brasileira.

Questionada se se aventuraria novamente na direção de filmes depois da experiência de co-dirigir com Beto Brant o documentário "Pitanga", sobre o pai, Camila respondeu que prefere ser um meio de concretizações de projetos. "Não tenho intenção de ser diretora, mas muito mais empreendedora. Com forças coletivas, cerzindo um trabalho. Junto, numa roda, me provoca mais", pontuou.

O jornalista João Gabriel Tréz viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes

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