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Três produções de SP encerram mostra competitiva do Festival de Brasília

Nesta sexta, 29, na última noite da competição do evento, clima foi menos tenso, mas não menos político

Uma animação sobre HIV/Aids, uma comédia que caricatura a elite e um suspense baseado no duelo entre uma professora e um casal de pais foram as produções apresentadas na noite desta sexta, 29, encerrando a mostra competitiva do 52° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Num clima menos tenso - diferentemente daquele sentido na quinta, 28 -, o Cine Brasília, que concentra as atividades do evento, foi palco de menos enfrentamento político nas obras exibidas, mas não nos discursos.

Antes mesmo das apresentações de cada filme, membros do Movimento Cultural do Distrito Federal distribuíram aos presentes uma carta de "apelo" pelo respeito a diversas leis e mecanismos de fomento do DF que estão ameaçados. Uma projeção artesanal também foi feita na tela do Cine Brasília com dizeres contrários à censura e ao secretário de Cultura do DF, Adão Cândido.

Nas falas das equipes, o primeiro soou como o mais urgente. "Sangro", curta de animação paulistano dirigido por Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR, é inspirado na história do namorado de Tiago, Caio Deroci, que vive com o vírus do HIV. Tiago, inclusive, lembrou do desmonte das políticas de HIV/Aids pelo Governo Federal na fala de apresentação.

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O segundo curta apresentado, também paulista, foi "Amor aos 20 anos", de Felipe Poroger e Toti Loureiro, apresentado como uma comédia romântica sobre a elite que "elegeu" o presidente Jair Bolsonaro.

Finalmente, o longa da competitiva que encerrou o festival foi "Volume Morto", de Kauê Telloli, suspense que se passa em uma tensa reunião entre a professora Thamara (Fernanda Vasconcellos) e um casal de pais, Luíza (Júlia Rabello) e Roberto (Daniel Infantini).

Dos três trabalhos, há aproximações de questões frontalmente políticas, mas as obras preferem optar por não encará-las como motor central de si mesmas. "Sangro", por exemplo, opta pelo viés da intimidade e da delicadeza, em um trabalho de animação que se destaca pela beleza. Unido ao discurso anterior de Tiago, o filme ganha força. Já "Amor aos 20 anos" emula diversas características do "cânone" do cinema mundial - do preto e branco à trilha de jazz - e ri de si e do que representa. O curta mostra as desventuras de Pepe depois da namorada, Lena, ter se mudado a Paris por conta dos estudos. O destaque vai para as atuações dos pais de Lena, interpretados por Danilo Grangheia e Georgette Fadel.

Finalmente, "Volume Morto" pode ser visto como uma reflexão sobre as versões da verdade - em tempos de fake news, isso se sobressai. Há ainda como pensar no filme pelo lado da educação e como as relações entre pais e professores ficaram tensas com as questões políticas. No entanto, nada disso está realmente como ponto central na obra. A trama do filme parte da preocupação que Thamara nutre por Gustavo, um de seus alunos, filho de Luíza e Roberto. Nas aulas de inglês que ela dá, o menino não emite sons e é, por isso, chamado de Volume Morto pelos colegas. Por isso, a professora marca uma reunião com os pais do menino, momento que vai saindo do controle.

O desenrolar da história, apesar da duração econômica - são pouco mais de 70 minutos - é lento e repetitivo. Ao mesmo tempo em que soa didático, também deixa lacunas e interrogações aparentes. Além de tudo, tem um tempo e uma atmosfera truncadas. Em determinada cena, uma personagem demanda que a outra revele algumas verdades, mas o faz logo depois de ter tapado a boca desta outra. É uma cena que, de certa forma, simboliza muito do próprio filme - existe uma demanda, uma vontade de ter certa voz, mas esbarra-se em impossibilidades colocadas por si mesmo.

O 52° Festival de Brasília encerra hoje à noite com a premiação. Há um filme cearense, o curta "Marco", de Sara Benvenuto, na disputa. O Vida&Arte vai acompanhar a cerimônia nas redes sociais. Acompanhe em @vidaearteopovo, pelo Instagram.

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