Generative AI: conheça o novo formato da Inteligência Artificial

Confira a inovação do setor tecnológico em Inteligência Artificial capaz de gerar textos, imagens e até vídeos, além de polêmica no meio artístico

A nova geração do desenvolvimento tecnológico é representada, em parte, por uma forma de Inteligência Artificial (IA), conhecida por Generative AI. O formato, como o nome sugere, permite a construção de conteúdo original por meio de dados pré-existentes.

O Fórum Econômico Mundial (FEM) destaca que a produção ou criação de texto, imagens, música, fala, código ou vídeo não é um conceito recente da Inteligência Artificial generativa, mas suas técnicas de aprendizado “evoluíram na última década”.

Uma das abordagens mais recentes é o GPT, sigla para “Generative Pretrained Transformer”, responsável pela geração de um texto semelhante ao produzido por um ser humano. Na prática, o modelo é treinado a partir de uma base prévia de conteúdo relacionado para atingir o resultado.

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“O que tornou a IA tão onipresente atualmente não é a sua capacidade de responder perguntas, mas sim a de chegar a respostas de perguntas que não foram feitas”, argumenta o professor de Ciências da Computação do Centro Universitário Farias Brito, Ricardo Wagner Brito.

Para o educador, o conceito de aprendizado da máquina foi ampliado e se tornou um termo genérico para diversas áreas computacionais, “tais como redes neurais, machine learning, deep learning, data mining, data science, entre outros”.

Generative AI: produção de imagens

Em 2022, a vitória de uma imagem gerada por Inteligência Artificial na competição de artes da Colorado State Fair, nos Estados Unidos, despertou controvérsia sobre o papel da IA como produção artística.

A obra vencedora, intitulada “Theatre d'Opera Spatial”, foi desenvolvida pelo designer de jogos Jason Allen usando o programa Midjourney, criador de imagens dirigido por Inteligência Artificial (IA) a partir de descrições textuais.

Allen recebeu um prêmio no valor de 300 dólares (cerca de 1.550 reais) na categoria Digital Arts/Digitally-Manipulated Photography (Arte Digital/ Fotografia Digitalmente Manipulada, em tradução direta do inglês).

“As principais críticas que nós [artistas] apontamos estão muito mais relacionadas ao processo criativo e ao roubo de arte do que à Inteligência Artificial em si”, relata a artista cearense Katarine Calado para O POVO.

De acordo com Katarine, os programas de IA são “alimentados” por imagens de artistas reais, em “open source”, com a visualização aberta para qualquer pessoa. O processo termina com a reprodução do estilo de outros criadores pela IA, sem nenhum crédito.

“Se você observar algumas dessas imagens criadas por Inteligência Artificial, elas são imagens que não lidam com a composição e os estudos que um desenhista, um ilustrador tem”, completa.

A desvalorização do trabalho artístico também é um ponto levantado por Katarine ao questionar o papel da IA como uma tentativa de “baratear [a produção] para um mercado”. “As pessoas querem apreciar a arte, mas elas não querem investir na arte”, desabafa.

Generative AI: direitos autorais entre os artistas

A artista Joana Fraga já postou sobre a questão de Inteligência Artificial em sua rede social
A artista Joana Fraga já postou sobre a questão de Inteligência Artificial em sua rede social (Foto: Reprodução / Instagram)

A crítica que mais ressoa entre a comunidade de artistas são as databases utilizadas para o aprendizado da IA. Segundo a ilustradora Joana Fraga, elas são compiladas a partir de um processo conhecido como raspagem de dados, do inglês “data scraping”.

“Essencialmente se apropriam dos nossos dados de imagem sem autorização. No campo artístico isso é especialmente problemático por conta dos direitos autorais e direitos de distribuição”, relata em entrevista para O POVO.

O estabelecimento de uma database mais ética, argumenta Joana, vai muito além do meio artístico e afeta a sociedade em geral, com a utilização da IA para criação de “deep fakes” com rostos de celebridades, políticos, etc.

“Em casos mais graves que presenciei pessoalmente no Twitter, um usuário estava comemorando a facilidade de se criar pornografia infantil usando IA”, declarou.

Joana já estudou maneiras de incorporar a IA em seu trabalho e até fez demonstrações de como usar as imagens de forma mais criativa através do processo de colagem.

“Mas conforme fui aprendendo mais sobre a natureza antiética das databases, usar a tecnologia a nível profissional vai estar condicionado à regulamentação”, completa.

SAIBA o que é deepfake, técnica de inteligência artificial que foi apropriada para produzir desinformação

Generative AI: Um alerta ao processo democrático?

A empresa de consultoria Eurasia Group realizou a sua previsão anual sobre “os riscos políticos com maior probabilidade de acontecer ao longo do ano”, publicado no relatório de 2023.

Na terceira posição - entre os 10 riscos anunciados - estão “Armas de Disrupção em Massa”, como as ferramentas de Inteligência Artificial e o seu “potencial de manipular pessoas e semear caos político”.

O relatório cita o poder da desinformação distribuída por IA nos governos de Donald Trump, nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro, no Brasil, e Viktor Orbán, na Hungria, utilizando os avanços tecnológicos para ganhos políticos.

O resultado são “exércitos de baixo custo de bots semelhantes a humanos encarregados de elevar candidatos marginais, vender teorias da conspiração e ‘fake news’, alimentar a polarização e exacerbar o extremismo e até a violência”, cita a Eurasia Group.

A inovação da Generative AI também pode afetar o setor empresarial, dificultando a capacidade das empresas de distinguir entre o envolvimento de seguidores reais e as “tentativas de sabotagem por hackers, investidores ativistas ou rivais corporativos”.

É falsa infomação de morte de idosa no QG do exército; foto é de banco de imagem; CONFIRA

 

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