Por que o sinal de Internet pode ficar pior quando chove? Entenda

Algumas pessoas relatam problemas de conexão quando chove. A depender do tipo de conexão, o problema pode ocorrer

Com a pandemia, pessoas no mundo todo tiveram a necessidade de se manter em isolamento social e desempenharem suas atividades de casa, por meio do home office ou das aulas remotas. Para realizar essas atividades, elas precisam de boa conexão à Internet.

Mas nem sempre esse acesso é possível de forma plena. Os períodos de chuvas podem ser responsáveis pela restrição do acesso para o usuário. Expedito Vital, professor de língua inglesa, conta que durante as aulas remotas passou a enfrentar problemas de conexão. “As pessoas que moram na periferia possuem limitações em relação à cobertura das provedores de internet", afirma Vital.

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“Sempre que chove há o problema de queda. Não existem opções melhores de provedores em algumas regiões da periferia. Durante esses períodos, as situações são muito complicadas, você acaba saindo das salas virtuais, perdendo foco e tempo, por causa da conexão”, relata o professor, que está aplicando aulas remotamente desde o início do isolamento social, em março do ano passado.

O mesmo caso acontece com a estudante, Carolina Galvão. Ela conta que, no geral, a conexão da banda larga de sua casa é ótima e serve para todos que moram com ela. Os problemas começam no período chuvoso, “eu não entendo como funciona, mas sempre que chega essa época de chuva a conexão fica muito fraca, como se estivéssemos muito longe do acesso, fica lenta, trava muito e deixa todo mundo na mão. Se não fosse o 4g seria muito difícil para estudar”, lamenta Carolina.

O Brasil encerrou o ano de 2020 com 36 milhões de acessos em banda larga fixa e uma densidade de 51 acessos para cada 100 domicílios. Já no Ceará, na época, havia 1,2 milhão de acessos em banda larga fixa, com densidade de 39,9 acessos para cada 100 domicílios.

Segundo André Barros, com formação na área de Tecnologia da Informação (TI) e diretor geral da GC NET Provedor, geralmente a lentidão ou queda da Internet está associada à tecnologia de rede de cabo. “O cabo é feito de cobre, e em dias chuvosos, eles recebem indução e a frieza faz com que os dados reduzam a velocidade da sua eficácia e a transmissão completa da internet seja comprometida”, afirma o especialista.

Sendo assim, o tempo chuvoso e a intensidade das chuvas podem interferir dependendo do tipo de conexão. É o que conta o vice-coordenador do curso de Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal do Ceará (UFC), o professor Yuri Carvalho. Ele diz que há três tipos de conexão (via rádio, cabo e fibra óptica) e "a chuva pode ou não ter interferência nelas".

Conheça as conexões mais comuns

No caso da comunicação via fibra óptica (FTTH), a conexão não deve ser afetada, “pois ela utiliza pulsos de luz para a transmissão e é praticamente imune à interferência eletromagnética e de rádio frequência”, explica o professor. No Ceará, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 89% dos municípios do Estado têm cobertura de fibra óptica.

Já as conexões via rádio e cabo podem ser afetadas por períodos de chuva. Na conexão via rádio, o impacto depende da faixa de frequência utilizada. "Quanto mais alta a frequência, maior o corte do nível de sinal, por causa dos efeitos atmosféricos, como a chuva”, afirma Carvalho.

Na comunicação via cabo, "pode haver impacto sobre a conexão devido ao efeito da chuva sobre a infraestrutura, relacionado à umidade e acúmulo de água, dependendo de por onde os cabos circulam e da qualidade do isolamento deles", acrescenta.

Crescem as conexões via fibra óptica

No estado do Ceará são 1,2 milhão de acessos à banda larga, segundo a Anatel. De acordo com a Agência, em dezembro de 2020, os principais acessos de banda larga fixa, no Ceará, representavam 66,9% (791.072) por fibra óptica; 13,7% (162.438) por cabos metálicos; 9,4% (110.887) por cabo coaxial e 8,6% (101.737) por rádio. Banda larga fixa é quando um fio ligado à rede de distribuição ou antena é conectado a um modem roteador para decodificar e espalhar o sinal para outros aparelhos da rede.

Em dezembro de 2018, os acessos por fibra óptica no Ceará, segundo a Anatel, eram de 39,9% (343.070). No ano de 2019, também em dezembro, a soma era de 56,4% (546.098). Apontando um crescimento de 27% nos últimos dois anos, entre 2018 e 2020.

Celulares, telefones fixos e sinais de TV

Questionado sobre possíveis interferências atmosféricas nas conexões de outros aparelhos eletrônicos, Yuri Carvalho diz que no caso do celular, vai depender da faixa de frequência. “As redes 3G e 4G utilizam frequências abaixo de 3 giga-hertz (GHz), então o impacto de efeitos atmosféricos não é muito perceptível”, afirma. Da mesma forma para o 5G operando na faixa de 3,5 GHz.

Já no caso do sinal de TV digital terrestre, transmitido na faixa UHF (abaixo de 3 GHz), também não há a princípio uma baixa significativa do sinal com a chuva. Por outro lado, o sinal de TV transmitido via satélite pode ser bastante impactado por efeitos atmosféricos, principalmente nas faixas mais altas de operação.

Por fim, o telefone fixo e a TV via cabo funcionam na mesma lógica que a comunicação via cabo da banda larga, podendo estar sujeito a interferências atmosféricas. O impacto varia de acordo com a densidade da chuva e a qualidade da instalação dos equipamentos.

Resposta das operadoras

O POVO entrou em contato com algumas operadoras de telecomunicação para saber o que é feito para evitar esses tipos de interferências e oscilações, no sentido de melhorar a conexão do usuário e quais são os investimentos realizados nas conexões por fibra ótica.

A operadora da Oi, relata que a sua estratégia está centrada na expansão da fibra ótica, para atender a demanda por internet com a velocidade contratada e sem oscilações na rede. “Oi Fibra é o principal projeto da companhia para promover soluções para fins residenciais, empresariais e corporativos”. A empresa também afirma que investimentos recentes foram feitos para a ampliação do usuário e o acesso a conexão. Por fim, a empresa diz realizar uma campanha de substituição das redes de seus clientes gratuitamente, “substituindo a rede de cobre por fibra ótica até a casa do cliente, em alguns bairros de Fortaleza e Juazeiro do Norte, sem nenhum custo adicional para os clientes”, informa.

No caso da Claro, a empresa nos informou que independente do tempo na região, a rede oferece a mesma conexão. “Mesmo em casos de chuvas fortes em que há falta de energia nas cidades, a Claro conta com ‘nobreaks’, que garantem a conexão, além de técnicos à disposição para entregar o acesso ininterrupto à banda larga”, disse a empresa por nota enviada ao O POVO.

A Vivo afirma estar presente em Fortaleza com a rede FTTH. Além de Fortaleza, a empresa comenta que os municípios de Maracanaú e Caucaia são 100% atendidos pela rede de banda larga da Vivo via cabo, e acrescenta que posteriormente, podem receber investimentos para implantação de fibra ótica da empresa, “considerando a demanda e critérios técnicos para expansão de seu atendimento”, afirmou.

Dica aos consumidores

Teste sua internet. O consumidor pode medir a velocidade de sua internet banda larga no aplicativo Brasil Banda Larga – EAQ e na ferramenta de teste no website Brasil Banda Larga – EAQ (www.brasilbandalarga.com.br). A Anatel afirma que é importante acompanhar os valores entregues pela operadora com os contratados.

Canais de relacionamento para reclamações

Se você tiver alguma queixa contra a sua operadora, antes de tudo é importante fazer o contato com ela. Em seguida, anote e guarde o protocolo de atendimento, ele é a prova de que a operadora sabe de seu problema e lhe deve uma resposta. A Agência conta que a sua operadora é obrigada a dar qualquer informação sobre o serviço e precisa resolver os problemas técnicos que surgirem.

Caso esse atendimento não seja suficiente, a Anatel disponibiliza canais de atendimento para registrar reclamações e denúncias através do número 1331. O telefone funciona de segunda a sexta-feira, nos dias úteis, das 8h às 20h. Além disso, oferece o serviço de atendimento via internet. O acesso ao sistema é feito mediante cadastro do usuário no Aplicativo Anatel Consumidor.

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Chuvas e conexão de internet banda larga Fibra ótica Anatel

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