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Depois do cinema, videogame quer ser a oitava arte

14:27 | 06/06/2012
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LOS ANGELES, 6 Jun 2012 (AFP) - Na grande feira E3, em Los Angeles, uma mostra de ilustrações e um grande concerto com trilhas de jogos buscam mostrar, frente aos mais céticos, que a indústria dos games está se transformando na oitava arte.

Em uma mostra na mega-feira de videogames Electronic Entertainment Expo (E3) em Los Angeles, os criadores dos cenários de diversos jogos de sucesso, como Halo 4, Skullgirls, Diablo III e o novo The Last of Us expuseram seus trabalhos.

"Acontece como aconteceu no cinema. O videogame é uma nova forma de arte, a oitava arte. Depende de como é visto e de como é usado", disse à AFP o chinês Xin Wang, criador de um impactante primeiro plano de Leah, o personagem de Diablo III (da Blizzard), com uma realista expressão que fica entre preocupada e assustada.

No entanto, os jogos "não são somente arte. Existem outros componentes em um jogo, têm uma utilidade. Muitas vezes as pessoas se reúnem não apenas para se divertirem, mas também para algo mais", afirmou o ilustrador de 36 anos.

No mesmo evento, uma exposição relembra os 40 anos de história dos videogames -onde os mais saudosos podem usar um Atari original- e uma orquestra interpretará versões sinfônicas de músicas compostas para o entretenimento eletrônico, como as de Skyrim, Diablo, World of Warcraft e Donkey Kong.

A busca pela legitimação dos videogames no terreno das artes de peso, como a música e a pintura, teve respaldo do prestigioso museu Smithsonian, em Washington, que inaugurou em março uma exposição intitulada 'A Arte nos Videogames'.

Ainda assim, nem todos consideram que os games tenham mérito no campo das artes. O respeitado crítico americano Roger Ebert escreveu em 2010 um artigo, conhecido entre os ofendidos criadores de jogos, negando a possibilidade de que o lazer possa um dia se tornar uma forma artística.

Citando Platão, que definiu a arte como uma "imitação da natureza", Ebert afirmou no Chicago Sun Times que "uma diferença óbvia entre a arte e os jogos é que alguém pode ganhar um jogo. Tem regras, pontos, objetivos e resultados".

Além disso, argumentou o crítico, a arte é obra de um indivíduo, não de um trabalho coletivo; e mesmo que seja realizada por muitos, é ideia de um.

"Querem legitimação?", questiona Ebert. "Ao defender seu desejo de jogar mesmo contra as críticas de pais, companheiros, filhos e colegas, esperam poder dizer 'Estou estudando uma grande forma de arte'? Que o digam, se isso os deixa felizes".

Contudo, "dentro de poucos anos, as pessoas não pensarão mais nessa questão", disse à AFP Matt Lava, um ilustrador de 26 anos que expôs seu trabalho --um fascinante cenário de um deserto realizado para o jogo Journey, da Sony.

O videogame como arte "é algo novo para a consciência pública, porque os jogos estão amadurecendo e se tornando mais sofisticados".

Para Lava, sua obra é como a pintura. "Há pinturas que são artísticas e outras que são funcionais. O mesmo acontece com os videogames. Há jogos que tentam ser artísticos, que tem algo a dizer, que estão cheios de sentidos. Outros são sobre acumular pontos e não tentam ser arte".

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