Como organizar a mente no fim de ano e criar metas realmente alcançáveis?

O período de festas do fim de ano, marcado por férias ou recessos, é propício para se fazer uma análise do ano vivido e um planejamento para o ano seguinte.

Além de refletir sobre o que passou, a sociedade costuma estabelecer metas e desejos do que querem conquistar no ano que virá, para ter uma espécie de direcionamento ou registrar as conquistas e projetos.

O “modo planejamento” é de praxe nas sociedades ocidentais desde a Grécia Antiga. Está ligado ao interesse em alcançar algo, seja material ou pessoal.

“O início do ano é como uma grande ‘segunda-feira’”, define a psicóloga Ketlei Matos, referindo-se à sensação de um início de período em que as pessoas costumam começar a trabalhar metas.

“Temos muitas conversas com ‘na segunda eu começo a dieta, na segunda eu começo a ler aquele livro’. O início do ano vem muito carregado como o início geral, como se fosse um prêmio maior”, completa a especialista.

Quais os benefícios de elaborar um planejamento para o ano novo?

A atitude de planejar o ano e criar suas metas é bem vista pela psicóloga por dar um direcionamento para projetos.

"É muito importante que o ser humano tenha metas e objetivos. Quem seríamos nós sem um ponto de partida e uma linha de chegada? Ficaríamos em um ciclo de busca incessante que nunca traz saciedade", aponta Ketlei.

Os benefícios envolvem a neurociência, já que o nosso cérebro libera neurotransmissores como quando registramos a conclusão de uma atividade.

No entanto, a profissional enfatiza: as metas precisam ser realistas e concretas.

Por exemplo: em vez de focar apenas em metas de longo prazo, como comprar um carro caro, podemos focar em juntar uma quantia por mês para alcançar a meta. Ou, reconhecer o nível de leitura e definir meta de um capítulo ou um livro por mês, em vez de cinco ou dez.

Como criar metas: método matriz de Eisenhower

Ketlei explica que um método eficaz é a matriz de Eisenhower, que consiste em escrever e destrinchar um objetivo maior em pequenos objetivos. Além disso, é preciso delimitar as razões para cada meta, de modo a se manter motivado a alcançá-la.

Essa matriz funciona com a definição de metas divididas em quatro grupos:

• Importante e Urgente: o que é essencial e valioso para mim (não para o outro).
  
• Importante, mas não Urgente: precisa ser feito, mas pode esperar um pouco, como um secundário.
  
• Não importante, mas Urgente: atividades que talvez eu possa delegar para alguém.
  
• Não importante e não Urgente: coisas que podem ficar para um prazo mais longo. 

O essencial neste método é conseguir destrinchar essas metas e perceber o tempo necessário para conquistar o que deseja. 

Como organizar a mente no fim de ano? Especialista dá dicas

Apesar do sentimento de esperança com o novo ano, é comum que nostalgia ou frustração apareçam — aquela ideia de “não fiz nada durante o ano”.

Para preveni-los, Ketlei sugere um exercício de escrita livre, focando em como se sentiu durante o ano com os eventos que aconteceram.

“A escrita ajuda a discernir o que é pensamento e o que é emoção. Quando você escreve ‘não fiz nada’ e depois lista o que realmente fez, você questiona seus próprios sentimentos que, por vezes, nos enganam”, explica a psicóloga.

A iniciativa também ajuda a “desacelerar” após um ano envolvido em trabalhos, projetos, relações familiares e sociais.