Hipertensão Pulmonar: entenda as causas, sintomas e o tratamento
Outras doenças raras podem ser desencadeantes para a formação da Hipertensão Pulmonar
A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) caracteriza-se pelo aumento da pressão nos vasos sanguíneos dos pulmões, geralmente causado pela rigidez das artérias pulmonares ou por obstruções decorrentes de coágulos.
A doença apresenta sintomas como fadiga, falta de ar e cansaço extremo. Por ser rara, progressiva e grave, exige atenção imediata. Recentemente, a HAP ganhou visibilidade por meio da personagem Lígia, interpretada por Dira Paes na novela Três Graças, da TV Globo, que enfrenta essa condição na trama.
No Brasil, há registros de pacientes com pouco mais de 20 anos que enfrentam dificuldades tanto para obter um diagnóstico preciso quanto para garantir o tratamento adequado. Esse é o caso de Pilar Andrade, apresentado pela pneumologista Camila Loureiro durante um painel promovido pela farmacêutica global MSD, em Salvador.
Pilar começou a sentir falta de ar intensa, tontura e dificuldades para realizar tarefas simples, como pentear o próprio cabelo. Inicialmente, houve suspeita de asma e tuberculose. Após o descarte dessas patologias, ela recebeu um diagnóstico equivocado de problema na vesícula e chegou a passar por uma cirurgia desnecessária. Apenas em 2023 veio o diagnóstico correto de HAP e o início do tratamento apropriado.
Em entrevista ao programa Ciência & Saúde, na Rádio O POVO/CBN, a Dra. Camila Loureiro explicou os prejuízos causados pela ausência de diagnósticos corretos. A médica reforça que os pacientes, mesmo sob acompanhamento, podem ser classificados em diferentes níveis de risco.
Atualmente, a doença é dividida em cinco grupos com base em fatores patológicos, fisiológicos e clínicos. No primeiro grupo da HAP, o transtorno primário afeta as pequenas artérias pulmonares. "É comum em indivíduos que têm doença do coração (como quem já infartou ou possui problemas de válvula) ou doenças pulmonares, como fibrose e DPOC. Vale lembrar que, nesse tipo de hipertensão, a pressão estará aumentada especificamente nas artérias do pulmão”, comentou a especialista.
Um sintoma típico da HAP é a falta de ar ao realizar esforços, o que pode ser confundido com tuberculose ou asma, justificando a demora no diagnóstico. Nos Estados Unidos, a média de tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico é de dois anos; no Brasil, esse período é significativamente maior.
A especialista destaca que, além da dispneia (falta de ar), o paciente pode apresentar dor no peito, inchaço nas pernas e no abdômen, tontura e, em casos graves, desmaios. "Para explicar o que acontece, pense em uma mangueira: se ela está livre, a água passa com facilidade. Se você obstrui a ponta, o fluxo torna-se difícil. Na hipertensão arterial pulmonar, os vasos adoecem e o sangue passa com dificuldade. O coração, acostumado a bombear o sangue com fluxo aberto, acaba sobrecarregado, o que gera a insuficiência ventricular direita”, explica.
Tratamento e desafios
Para a médica, o primeiro passo para diagnósticos mais adequados é a educação da população e dos profissionais de saúde. O segundo é a realização do ecocardiograma que, embora não ofereça o diagnóstico definitivo, rastreia o aumento da pressão. É fundamental que o paciente seja encaminhado a um centro de referência para investigar causas adjacentes”.
“O exame que realmente fecha o diagnóstico é o cateterismo cardíaco. Ele mede as pressões do pulmão e autoriza o médico a prescrever a medicação de alto custo fornecida pelo SUS. Infelizmente, embora o prazo legal para o recebimento do fármaco seja de 90 dias, no interior e em alguns estados esse tempo não é respeitado, reduzindo a expectativa de vida dos pacientes”, esclarece.
A Dra. Camila Loureiro destaca ainda que o paciente precisa viver dentro de suas limitações e ressalta a importância dos cuidados paliativos precoces, focando na qualidade de vida e no acolhimento integral do indivíduo, indo além do remédio ou da cirurgia.
“Estamos falando de medicações caríssimas. A mais barata custa cerca de R$ 3 mil por mês, e a mais recente pode chegar a 10 mil dólares mensais. É por isso que o diagnóstico tem que ser preciso. Sobre o transplante de pulmão, ele não é indicado para todos; é reservado para pacientes que, mesmo com o tratamento máximo otimizado, permanecem em alto risco”, afirma.
Sobre a demora no diagnóstico, a médica enfatiza que muitos profissionais priorizam a investigação de doenças comuns antes de suspeitarem de uma condição rara.
"Caso sinta desmaios ou falta de ar extrema, o paciente deve buscar a emergência imediatamente para descartar infarto ou embolia. Uma vez descartados, é essencial solicitar um ecocardiograma. Para quem já possui o diagnóstico, a recomendação é nunca suspender a medicação e portar sempre um relatório médico explicando a gravidade da doença”, finaliza. (colaborou Neila Fontenele)
Hipertensão Pulmonar: doenças raras que podem desencadear a doença
- Tromboembolismo Pulmonar Crônico (Grupo 4): uma causa da hipertensão pulmonar decorrente de uma embolia pulmonar que não se resolveu e tornou-se crônica. É um grupo que também exige tratamento especializado e, às vezes, cirurgia de angioplastia.
- Esquistossomose: uma doença parasitária comum no Nordeste e Sudeste que pode evoluir para hipertensão pulmonar.
- HIV e Hepatites: vírus que estão no protocolo de investigação (sorologias) para entender a origem da pressão alta no pulmão.
- Cardiopatias Congênitas: doenças no coração com as quais a pessoa já nasce. Algumas crianças apresentam defeitos cardíacos que, se não operados precocemente, levam à hipertensão pulmonar grave.
- Fibrose Pulmonar: doença do pulmão que pode levar ao aumento da pressão arterial pulmonar.
- DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica): comum em fumantes
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