Ganho de peso

Como controlar o ganho de peso durante as festas de fim de ano

Cuidados necessários para evitar o aumento de peso e desconfortos abdominais devido aos excessos alimentares nos feriados.
Atualizado às Autor Kamilly Andrade Tipo Notícia

Débora Paiva é chef de cozinha e tem 33 anos. Atualmente, trabalha com eventos, produzindo menus, realizando consultorias e atuando como personal chef. Com oito anos de experiência na culinária, ela adora o que faz, embora as festas de fim de ano costumem ser um dos períodos mais movimentados de sua profissão devido à alta demanda característica da época.

Há cerca de três meses, Débora iniciou um processo de emagrecimento saudável com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por nutricionista, médico e psicólogo. Ela entende que cada processo é individual e que cada organismo necessita de atenção específica.

 “Eu entrei nesse processo devido, principalmente, à minha saúde mental. Não tenho problemas de saúde, mas não quero desenvolver nenhum. A obesidade é uma doença crônica que precisa ser encarada de frente; se você não trata, ela acaba virando um grande problema. Hoje, estou bem acima do meu peso e isso me incomoda muito”, afirma.

Débora também percebeu que a comida deve ser uma aliada da saúde, e não uma inimiga. Neste período festivo, a chef conta que trabalhará com a montagem de mesas de Natal, mas pretende aproveitar os feriados com a família comendo com moderação.

“Vou trabalhar bastante, inclusive no dia 24, com duas mesas enormes para montar antes do Natal em família. Mas, este ano, irei comer o que tiver vontade até me sentir saciada. Não quero mais aquele sentimento de precisar comer até passar mal. Precisamos comer para compartilhar o momento com quem amamos, mas não é necessário exagerar a esse ponto”, comenta.

Comportamentos saudáveis no Natal e no Ano Novo


Como pontuou Débora, o fim de ano é tempo de celebrar. Quase sempre, as festas são acompanhadas por mesas fartas, alimentos calóricos e o risco de ganho de peso. De fato, é difícil resistir às guloseimas, mas a saúde deve estar em primeiro lugar.

De acordo com um estudo liderado pela Fiocruz Brasília e apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade de 2024, o Brasil registrou uma prevalência de 57% de sobrepeso ou obesidade entre adultos em 2023. A projeção é que esse índice chegue a 75% até 2044, resultando em 1,2 milhão de mortes atribuíveis e 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas (incluindo artrose) — tudo decorrente do excesso de peso.

Para esta matéria, O POVO consultou a endocrinologista Dra. Karina Sodré e a ortopedista Dra. Gabriella Brito sobre as consequências metabólicas e ósseas do excesso alimentar. Segundo a Dra. Karina, as festas não se resumem a uma única ceia, mas a um ciclo de excessos que se estende de dezembro a janeiro. A médica alerta que o problema não é apenas o volume, mas a "fome oculta" de nutrientes em meio ao excesso de gordura, sal e açúcar.

"Os exageros ocorrem durante o mês de dezembro inteiro. Quem tem pré-diabetes e sobrepeso pode acabar desencadeando um quadro de diabetes ou agravar o peso atual", afirma a endocrinologista.

A estratégia real para lidar com as festas é a moderação. Além de evitar o excesso de açúcar e álcool, uma dica simples mencionada pela Dra. Gabriella é aumentar o consumo de água, que auxilia na saciedade e ajuda a evitar as tentações.

As especialistas concordam que retomar as atividades físicas de forma brusca em janeiro, após um período de sedentarismo e má alimentação, traz um risco extra: lesões musculares. Segundo a ortopedista, ao retornar à academia, muitos tentam retomar a carga de exercícios anterior, mas o corpo pode sofrer uma atrofia rápida durante a inatividade. O sedentário que decide começar "com tudo" sem acompanhamento acaba trocando o sobrepeso por uma lesão.

Os perigos do emagrecimento rápido pós-feriados


Outro fator de atenção são os "atalhos" para emagrecer rápido. "Tratar o excesso de peso não deve ser para entrar no vestido de Natal ou de casamento. Se você perde peso sem adequação, perde massa muscular em vez de gordura, o que faz com que recupere o peso rapidamente", alerta Karina.

A pressa também pode custar a mobilidade. Segundo a ortopedista, perder peso drasticamente e sem orientação prejudica joelhos e coluna — os pilares de sustentação do corpo. Sem o estímulo muscular adequado, o paciente pode perder a capacidade funcional de realizar tarefas simples, como subir degraus.

Ambas as profissionais reforçam que a obesidade e o sobrepeso podem ter fatores genéticos e ocasionar comorbidades como hipertensão e diabetes. Por isso, o tratamento exige uma equipe multidisciplinar: o médico de família gerencia as comorbidades, enquanto o endocrinologista ajusta a parte metabólica. Esse suporte garante que o emagrecimento seja saudável e duradouro, e não apenas estético.

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